Veja o quanto esta navio esta fora d'água
Documento
divulgado pelo governo chinês revela as causas da crise no abastecimento de
água no país.
De
acordo com uma alarmante notícia publicada pelo The Verge, durante anos as autoridades
chinesas afirmaram que na China existiam cerca de 50 mil rios. No entanto, um levantamento realizado pelo Ministério de Recursos
Hídricos do país apontou que mais da metade desses rios desapareceu de forma
bastante abrupta, provocando um assustador declínio na disponibilidade de água.
Além disso, os maiores rios chineses —
Yangtze e Amarelo — também sofreram uma forte diminuição no nível de suas
águas. A situação é extremamente grave, e as autoridades culpam o aquecimento
global e técnicas de mapeamento defasadas, baseadas em cartas topográficas
incompletas dos anos 50, como as possíveis causas do declínio das águas.
Cumplices de peso
Mas
os especialistas apontam outros fatores como “cúmplices” do problema, tais como
o explosivo desenvolvimento econômico da região e a pobre administração das
questões ambientais. Apesar de técnicas mais atuais de mapeamento poderem
explicar em parte a discrepância entre o número de rios
estimado antigamente e o revelado pelo levantamento, as autoridades admitem que
diversos corpos hídricos sumiram ou se tornaram sazonais.
E além das causas apontadas, há outros
fatores que também podem estar contribuindo para o desaparecimento dos rios,
como a destruição de florestas e duas questões mais óbvias e que têm aparecido
nas manchetes de todo o mundo com bastante frequência: o supercrescimento
populacional e a incrível poluição que afeta a região. Juntos, esses dois aspectos
formam uma combinação catastrófica.
Dupla arrasadora
A
industrialização desenfreada vem provocando a contaminação dos rios, enquanto
que a superpopulação vem consumindo cada vez mais recursos hídricos, exercendo
um impacto ainda maior no já fragilizado panorama. Um levantamento realizado em
2006 apontou que o consumo de água na China quintuplicou desde 1949.
O sistema de abastecimento chinês foi
desenvolvido nos anos 60, depois que uma série de enchentes devastadoras forçou
o governo da época a construir inúmeros diques, reservatórios e vertedouros
para evitar novas catástrofes. No entanto, esse mesmo sistema acabou por
bloquear alguns rios que corriam para o norte do país, resultando em uma
variedade de desequilíbrios ecológicos depois que lagos e cursos hídricos começaram
a secar na região.
Medidas paliativas
O
pior é que nem mesmo a construção da maior hidrelétrica do mundo — a Três
Gargantas — serviu para melhorar a situação. Na verdade, ela teve enormes
efeitos sociais e ecológicos desastrosos, que parecem não ter ensinado as autoridades
chinesas. O governo pretende iniciar a construção de uma estrutura ainda maior,
que deve desviar parte dos já “emagrecidos” rios do sul para abastecer os
gigantes Amarelo e Hai, localizados no norte.
A medida é considerada emergencial e
provavelmente não será suficiente para solucionar o problema de forma
permanente. No entanto, será que, em vez de construir obras absurdas, o melhor
não seria encontrar formas de controlar a demanda e regulamentar as emissões e
disposição de resíduos?
Mais Problemas
Mas
além de uma iminente crise no abastecimento de água, essa contaminação toda
também tem exercido um grande impacto na população. Segundo o The New York Times, 1,2 milhão de
mortes prematuras tiveram suas causas atribuídas à péssima — na falta de um
adjetivo ainda pior — qualidade do ar. Aliás, a poluição foi a quarta maior
causadora de mortes no país, seguida apenas por problemas relacionados à dieta,
à pressão alta e ao tabagismo.
Tal como no caso da contaminação dos recursos
hídricos, a poluição do ar também é resultado do incrível ritmo de
industrialização que a China está vivendo. E sabe o que é pior? Isso não está
acontecendo somente por lá. O número de mortes relacionadas com a má qualidade
do ar em todo o mundo chegou a cerca de 3,2 bilhões em 2010 — o que significa
que aproximadamente 40% delas ocorreram entre os chineses.
Assim, os veículos inundando as grandes
cidades em números recorde, o dramático aumento no consumo de energia e a
queima de outros combustíveis — como o carvão, por exemplo — só contribuem para
aumentar ainda mais esta assustadora bola de neve. Ou melhor, de cinzas.
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