Considerada a pior dos últimos 50 anos, a seca que atinge o
Nordeste desde 2011 já provocou ao menos R$ 3,6 bilhões em perdas diretas nas
lavouras da região.
Também derrubou o saldo de empregos no campo ao menor nível em dez anos e
reduziu pela metade, nas áreas afetadas, a exportação de produtos como o mel.
O prejuízo na produção chegaria a R$ 6,8 bilhões se fossem computados os
efeitos da perda de quase 5 milhões de cabeças de gado entre 2011 e 2012, diz o
economista-chefe do IBGE em Natal, Aldemir Freire.
Na pecuária nordestina, a projeção é de redução de 16,3% no rebanho de
29,6 milhões de cabeças em 2011. Para Pedro Gama, da Embrapa Semiárido, o setor
vai demorar até dez anos para se recuperar do baque da estiagem.
Para chegar, a pedido da Folha, ao balanço do rombo econômico da atual
seca, Freire, do IBGE, comparou valor e quantidades de dez culturas (feijão,
castanha de caju, arroz, mandioca, milho, algodão, banana, cana de açúcar, café
e soja) produzidas na região em 2011 e 2012.
O tombo estimado, a preços de 2011, foi de 18%: R$ 20,1 bilhões para R$
16,5 bilhões. Feijão (R$ 961 milhões) e milho (R$ 532 milhões) lideraram as
perdas.
O prejuízo equivale, por exemplo, a quase metade do valor total da obra de
transposição do rio São Francisco, a mais importante da região, orçada em R$
8,2 bilhões.
"Mesmo se pegarmos os preços de 2012 [quando a inflação acelerou com
as perdas de safra], teríamos prejuízo superior a R$ 2 bilhões", diz o
economista do IBGE.
No Ceará, por exemplo, com 96% das cidades em estado de emergência devido
à estiagem, a produção agrícola caiu de 1,9 milhão de toneladas para 230 mil
toneladas. Apenas 30% das áreas agricultáveis têm algum plantio.
EMPREGO
A seca também tem afetado a ocupação na agropecuária. Na comparação com
2011, quando foram criados mais de 13 mil empregos com carteira assinada, 2012
registrou deficit de 18 mil vagas -marca recorde na década.
O estoque de empregados na atividade, que chegava a 244.825 pessoas em
2012, fechou março em 223.640.
"A mecanização nas lavouras e outros fatores eliminam postos de
trabalho, mas a seca é a grande responsável pelas demissões", diz o
diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura, Antoninho
Rovaris.
O cenário se agrava porque a maioria dos atingidos pela estiagem é de
produtores sem carteira assinada que "perderam os meios que tinham para
sobreviver", na descrição de Gilberto Silva, da Federação Potiguar dos
Trabalhadores em Agricultura.
EXPORTAÇÕES
O Nordeste, que responde por quase 100% das exportações de castanha de
caju do Brasil e por 27% das vendas de mel de abelha, também viu o comércio
exterior perder força.
No caso do mel, houve redução de 53% em relação a 2011. Para a castanha, o
valor exportado caiu 18%.
Com a escassez de produto local, as beneficiadoras passaram a importar
castanhas da África. "Isso aumentou custos em 15%, elevou o preço e
reduziu o valor exportado", diz Felipe Timbó, gerente da Iracema, que tem
unidades no RN e no Ceará.
Para Fran Bezerra, do Banco do Nordeste, ao menos parte do impacto
econômico da atual seca tem sido amenizada por ações governamentais de
transferência de renda, acesso ao crédito e recuperação do valor do salário
mínimo, hoje em R$ 678.
Até o dia 10 de abril, pelo balanço mais recente, 1.367 municípios e 10,4
milhões de brasileiros sofriam os efeitos da estiagem. E a previsão é de ainda
mais seca entre junho próximo e fevereiro de 2014.
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