sexta-feira, 5 de julho de 2013

REVOLUÇÃO SÍRIA COMPLETA 3 ANOS ISOLADA

 
 
Ao entrar em seu terceiro ano, a revolução síria continua e se agrava ao máximo. O povo sírio, que empunhou as armas para se libertar da sanguinária ditadura de Bashar Al Assad, segue dando impressionantes mostras de heroísmo e sacrifício ao enfrentar um inimigo que detém superioridade militar e que demonstrou estar disposto a cometer os crimes mais atrozes e até um genocídio com o objetivo de conservar o poder.
Uma sangrenta guerra civil atravessa o país. A situação de morte e destruição é dramática e suas consequências perdurarão por décadas. Apenas como parâmetro, o Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que a cifra de mortos, desde o início do conflito armado, estaria entre 94.000 e 120.000 pessoas. Nesta estimativa, que sem dúvidas é superada pela realidade, contam-se 47.387 civis, entre eles 4.788 crianças e 3.048 mulheres.
A isto se soma o drama dos que tiveram que fugir de seus lares por causa do conflito. A ONU informou que existem mais de 4 milhões de deslocados internos  e o número de pessoas que abandonou o país supera o milhão e meio. Diariamente, as fronteiras sírias são cruzadas por cerca de 10 mil pessoas, das quais a metade é crianças. Nas últimas 10 semanas, foram meio milhão de civis. É comum, neste penoso êxodo, que aldeias inteiras cheguem às fronteiras do Líbano, Jordânia, Turquia ou Iraque, após vários dias de caminhada e de sofrer ataques por parte do exército leal ao regime. Acolhidos por estes países, precisam sobreviver em condições infra-humanas, suportando a fome e os flagelos climáticos.
Em meio a este dantesco panorama, produto dos crimes de Al Assad, desenvolve-se a revolução e a guerra civil síria, sem dúvidas a ponta de lança e a principal arena onde se define a continuidade da onda de revoluções que sacodem o Norte da África e do Oriente Médio desde o fim de 2010. Qual é o curso da situação militar e política? Quais são os problemas que a revolução enfrenta para poder triunfar? Quais são as perspectivas? Qual é a posição que os revolucionários devem adotar frente ao principal confronto da luta de classes na atualidade?
Nesta situação, analisemos a política aplicada pelo imperialismo, com sua estratégia de derrotar a revolução e estabilizar o país e a região, para o qual precisa tirar Assad do poder, antes que as massas insurretas o façam e, com sua ação vitoriosa, insuflem ainda mais a situação revolucionária em uma região central para os interesses das grandes potências.

As denúncias formais sobre a utilização, por parte de Assad, de armas químicas, criaram um clima de pressão no sentido de uma intervenção militar norte-americana na Síria, já que Obama tinha anunciado, meses atrás, que essa seria a “linha vermelha” para empreender uma ação militar de seu governo contra o regime de Damasco.
No entanto, a política do imperialismo não passa por uma intervenção militar com suas tropas. Não somente devido à crise econômica, à falta de consenso internacional e à fortaleza relativa do exército de Assad (superior ao de Kadafi), mas fundamentalmente por razões políticas, que têm relação com a derrota militar do imperialismo norte-americano no Iraque e no Afeganistão (com efeitos dentro dos próprios Estados Unidos) e a necessidade de se mover com cautela em uma região que vive um forte processo revolucionário que os EUA pretendem conter.
Neste sentido, o próprio Obama foi enfático ao declarar: “Não posso imaginar um palco no qual a presença de tropas norte-americanas não seja proveitosa nem para Síria nem para os Estados Unidos” (El País). Neste sentido, complementou dizendo que não atuará ao preço de “provocar um caos” em toda a região. No entanto, disse que não poderia descartar “outras ações militares” menos “arriscadas”. É claro que, devido a seu custo político, uma invasão com tropas terrestres não figura entre suas opções atuais.
Também não está nos planos do imperialismo, por exemplo, armar as milícias rebeldes com o necessário para vencer (aviões, mísseis antiaéreos, tanques, etc.), pois sabe que estaria armando e fortalecendo uma revolução popular que ameaça seus interesses. No máximo, através de Qatar, Arábia Saudita e outros países do Golfo, enviam-se armamentos leves a certos setores e brigadas rebeldes, sobretudo àquelas unidas ao islamismo salafista, segundo denúncias de ativistas sírios e o jornal espanhol El País, exatamente porque estes são os setores mais próximos a essas petromonarquias e que, embora agora enfrentem o regime, têm uma visão de que a luta é sectária, confessional-religiosa, entre xiitas-alauitas e sunitas e não do povo sírio contra a tirania do Baath.
Desta forma, dividindo e afastando outros setores étnicos e religiosos da luta revolucionária, milícias como a Frente al Nusra (que declarou fidelidade à al Qaeda e é supostamente financiado pelo Qatar) terminam fazendo o jogo da ditadura. Então, não é casual que eles recebam mais armas e apoio que os setores laicos, como o ESL, que combate com muito mais dificuldades para se abastecer.
A política do imperialismo para derrotar a revolução síria continua sendo impulsionar uma saída negociada, que alije Assad do poder (garantindo-lhe impunidade) e que salve o essencial do regime e consiga estabilizar o país e a região. Isto se resume, nas palavras do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que deseja que “todas as partes sentem-se à mesa e possa ser estabelecido um governo de transição com o consentimento de ambas as partes, o que, a nosso julgamento significa claramente que o presidente al Assad não fará parte do mesmo” (ABC).
Com este objetivo, a diplomacia norte-americana reuniu-se com o presidente russo Vladimir Putin e, posteriormente, com o premiê britânico David Cameron. A política aprovada foi concretizar uma “conferência de paz” sobre a Síria no início de junho próximo, quando, conforme a declaração de Obama: “Reuniremos membros do regime e da oposição em Genebra para chegar a um acordo sobre um Governo transitório que possa tomar o poder após [a partida de] Assad” (El País).
 
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