segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A GUERRA SECRETA DA GRÃ-BRETANHA

 

No dia 10 de agosto se completaram 70 anos de um encontro que se viria a tornar fatal para a Grécia. Em 1943, representantes do movimento de libertação deste país se encontraram no Cairo a fim de discutir os problemas do país depois da guerra.

 
Naquela época, a influência das forças de esquerda na Grécia era enorme e havia mais chances que nunca de o país seguir a via comunista de desenvolvimento. Mas a Grã-Bretanha, receosa de que os "vermelhos" ganhassem força nos Bálcãs, apoiou o rei grego Jorge II. O encontro do Cairo resultou no conflito entre os monarquistas e os comunistas, que se transformou mais tarde em guerra civil.
Logo desde o início da Segunda Guerra Mundial, a Grécia foi ocupada por nazistas. No país foi criado o movimento de resistência, dirigido pela Frente Nacional de Libertação, EAM, constituída basicamente pelas forças pró-comunistas de esquerda. A frente dispunha de um braço armado – o Exército de Libertação Popular da Grécia, ELAS, o mais poderoso movimento de resistência da Grécia, que gozava da confiança da maioria dos cidadãos.
O reforço da esquerda começou a preocupar a Grã-Bretanha que temia a proliferação das ideais comunistas na região dos Bálcãs. A fim de impedir a ulterior consolidação deste movimento, Londres organizou o encontro no Cairo em que estiveram presentes representantes do movimento de libertação da Grécia, do governo britânico e o rei grego Jorge II, que tinha saído do país em 1941, imediatamente depois da invasão das tropas hitlerianas. Os líderes do movimento de libertação se pronunciaram a favor da criação de um governo popular. Mas o rei Jorge II não pretendia renunciar ao poder e teve nisso o apoio ativo por parte de Churchill e de Roosevelt, revela o pesquisador sênior do Instituto da História Geral junto da Academia de Ciências da Rússia, Artiom Ulunyan:
"A Grécia era o único país balcânico que não ficou sob o poder dos comunistas. Por isso, a razão do receio dos ingleses e dos americanos era clara. Viam que as contradições entre as figuras políticas do país eram demasiadamente grandes e que era impossível criar um bloco de forças em que eles pudessem se apoiar. Consideravam que o único aliado de que dispunham para a realização de seus planos eram os monarquistas."
Começou uma luta encarniçada entre as forças de esquerda e os britânicos. Em dezembro de 1944, em Atenas e em Pireu foram realizadas grandes manifestações de apoio aos comunistas. Na realidade, os combates que o Exército britânico travou contra os guerrilheiros gregos desde dezembro de 1944 até janeiro de 1945, foram prefácio da guerra civil na Grécia que abrangeu o período de 1946 a 1949, afirma Artiom Ulunyan:
"Os combates começaram precisamente em dezembro de 1944 até fevereiro de 1945, quando o Exército de Libertação Popular da Grécia firmou os chamados Acordos de Varkiza com os britânicos. Em 12 de fevereiro de 1945, na cidade de Varkiza foi assinado um acordo entre o governo grego no exílio e as forças de esquerda da Resistência sobre a realização de um plebiscito que deveria determinar o sistema político da Grécia. Pode-se considerar que a guerra civil tinha começado já naquela altura. Por isso, as ações dos ingleses visavam, em grande parte, estabelecer seu controle sobre o país e impedir o reforço do exército ELAS."
Devido à ajuda militar por parte dos EUA, o comando britânico conseguiu esmagar em breve a insurreição das forças de esquerda e, em 11 de janeiro de 1945, a Frente de Libertação Nacional, EAM, assinava o acordo de paz com a Grã-Bretanha. Em setembro de 1946, o rei Jorge II retornou à Grécia e no país foi realizado um plebiscito. Foi criada uma comissão de observadores independentes, encarregada de monitorar as eleições. Mas, de acordo com um dos membros desta comissão, esta votação "não passou de uma comédia". Não existia nem sombra de opção livre. A luta entre os monarquistas e os guerrilheiros se transformou em guerra civil, que se prolongou até ao outono de 1949. O Partido Comunista da Jugoslávia desempenhou um papel decisivo nesta guerra. Devido ao surgimento de divergências com o governo da União Soviética, o governo de Josip Broz Tito fechou, no verão de 1949, sua fronteira com a Grécia. Os guerrilheiros gregos se viram privados da principal fonte de ajuda e tiveram que cessar a luta.
Portanto, na fase inicial da guerra fria, a Grã-Bretanha conseguiu, a despeito de tudo, refazer o mapa político da Europa da maneira que lhe convinha e obter um governo “obediente” na região dos Bálcãs. A União Soviética conseguiu preservar suas posições na Albânia, Bulgária e Romênia. A propósito, a própria Grã-Bretanha prefere não recordar esta história. O documentário "Guerra Secreta", que relata os eventos daqueles dias, foi exibido no país uma única vez, há quase trinta anos, em 1986.
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