sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

“A REVOLUÇÃO LARANJA 2013 TERMINARÁ EM PAZ”


“A Ucrânia volta aos braços da Rússia”, “A UE perdeu a batalha pela Ucrânia”, “A Ucrânia despede-se do sonho com a UE”, “A oposição acusa o governo”, “Putin aplaude”, pode-se citar sem fim as manchetes da mídia tcheca, os numerosos comentários em fóruns na Internet tcheca. No domingo passado em Praga realizou-se um comício de apoio a Maidan e soou a declaração do Ministério do Exterior tcheco de que a “República Tcheca exorta a Ucrânia a resolver a situação por meio de diálogo”.

De fora parece que o tema ucraniano para os tchecos é quase a prioridade número um. Se é realmente assim contou em entrevista à Voz da Rússia o observador político e tradutor Milan Dvorak:

– Na República Tcheca acompanham com atenção o que ocorre na Ucrânia. Não esqueçam de que nós consideramos que tivemos a iniciativa da Parceria Oriental, que reúne seis países pós-soviéticos, inclusive um tão grande como a Ucrânia. Em todo caso a primeira cúpula da Parceria realizou-se justamente em Praga.

– Aos olhos da sociedade tcheca o que ocorre hoje em Kiev é uma nova revolução laranja ou outra coisa?

– Sem dúvida, estas manifestações têm ligação ideológica. E então, em 2004 e agora o vetor do protesto é “a favor da via europeia de desenvolvimento do país. Mas nós sabemos que pela Ucrânia, como por toda a Europa, passa a linha de separação tectônica, que a divide convencionalmente em Ocidente e Oriente. Parte da população ucraniana volta-se para a Rússia, outra parte só se vê na composição da Grande Europa. Este confronto explode em paixões, tanto nos corredores do poder, como nas ruas.

– Mas, às vezes, parece que a ideia europeia está nas cabeças de todos os ucranianos.

– É uma impressão muito enganosa. Nós vemos onde está a parte maior e mais ativa dos que protestam – em Kiev, Ivano-Frankovsk e outras cidades ocidentais.

– Como avalia a posição do presidente Yanukovich nesta crise política? Tem-se a impressão de que ele quer o impossível – sentar-se em duas cadeiras.

– Naturalmente que para a Ucrânia seria mais vantajoso – como dizem os tchecos e russos, que “os lobos estivessem alimentados e as ovelhas inteiras”. Mas, concretamente, Kiev gostaria de receber dividendos da amizade tanto com a UE quanto com a Rússia. Somente acho que nenhuma parte está disposta a conceder a Kiev em plena medida a ajuda que lhe é necessária. A situação para o presidente e governo é simplesmente sem saída. As vantagens da associação com a UE (se Kiev decidir-se a ela) podem não compensar as perdas com o esfriamento das relações com a Rússia. Bem, e esperar a filiação à União Europeia e a correspondente ajuda financeira não vale a pena para a Ucrânia. Lembramos que a Turquia há décadas luta para ser aceita na UE. Ela se cansou de esperar e já olha para outro lado. Penso que hoje, ao escolher com quem fica, a direção ucraniana considera também o fator citado por mim.

– O quanto é viável a proposta da Rússia de conversações trilaterais na fórmula: Moscou-Kiev-Bruxelas? Isto acalmaria a situação.

– A chefe do departamento de política externa da União Europeia, Catherine Ashton, rechaçou esta variante. O que, aliás, é estranho. A UE é, em princípio uma união democrática de países e sempre prefere resolver os problemas por meio de conversações. Mas por motivo de conversações trilaterais Bruxelas ocupou posição evidentemente negativa.

– Significa que a ideia foi liquidada na raiz?

– Não sei, não sei. Os europeus repetem, sempre preferem não guerrear, mas entrar em entendimentos. Em certo momento eles podem, em certas condições, aprovar a proposta russa.

– A economia ucraniana está em crise, é possível default. Para que a União Europeia aproxime ainda mais parceiros com tais problemas financeiros, como Ucrânia, Moldávia e Geórgia? Ou querem ampliar sua influência a qualquer preço?

– É claro que a UE está muito interessada em estender sua influência aos países pós-soviéticos. Sobretudo grandes esforços para isto são envidados pela Europa Oriental. Pois justamente ela, na pessoa da Polônia, República Tcheca e outros vizinhos da região, iniciaram a Parceria Oriental. Observe que Portugal ou Holanda não defendem a associação da Ucrânia à UE, somente a Europa Oriental! Mas, repito, não se trata da filiação à UE. Pelo menos para a Ucrânia de 50 milhões, dividida por contradições ideológicas e em horrível situação financeira. A União ainda poderia “digerir” a pequena Moldávia. Mas ela nunca carregará em seus ombros a atual Ucrânia.

– Em essência nós observamos uma luta geopolítica entre Bruxelas e Moscou pelo espaço pós-soviético. Como, na sua opinião, isto terminará? A Rússia perderá a influência sobre esta região?

– Se eu pudesse adivinhar isto daria conselhos aos jogadores da bolsa por muito dinheiro! Não tenho bola de cristal, mas algo me sugere e eu acompanho a situação com muita atenção – a administração ucraniana resistirá, o abscesso desaparecerá. E nesta batalha a vitória tática solitária caberá à Rússia. Mas não me proponha a prever a perspectiva estratégica do futuro da Ucrânia.

Fonte: Voz da Rússia

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