quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O MUNDO ESTÁ SOB A BÊNÇÃO DE DEUS, POR ENQUANTO


Se de fato há um Deus, um dia desses Ele irá desistir da Terra. Vai dizer, “virem-se sozinhos”. E não será pelos contumazes pecados mortais e veniais em quase 2.014 anos. Nesse ponto, Ele insiste em tentar fazer a humanidade se redimir. O Salvador cansará, sim, é de dar chances a seus filhos e deixará que se destruam de uma vez por todas, de tanto insistirem em armar conflitos.

Não bastasse os incendiários países periféricos de sempre mas que ganham importância por estarem localizados em palcos estratégicos – e por isso arrastam as intrometidas superpotências e suas ambições geopolíticas a estes destinos sangrentos –, estas também sempre inventam um pretexto para fazer soar os tambores de guerra. Mesmo se essas intenções não são declaradas e, quando não, servindo apenas ao público interno, a qualquer hora a situação poderá fugir ao controle.

A mais nova é a criada pela China com a tal Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida), uma vasta área imaginária que pretende exigir identificação de aeronaves mesmo em espaço aéreo internacional ou de vizinhos. Abrangendo regiões que os chineses querem para seu domínio, como as ilhas japonesas de Senkaku (ou Diaoyu, para eles) e territórios pertencentes às Filipinas e ao Vietnã, além de afetar diretamente a Coreia do Sul, só serve mesmo para demonstrar força diretamente aos Estados Unidos.

Naturalmente que Barack Obama e seus falcões não vão aceitar, em se tratando de países protegidos por eles a partir da base de Okinawa, no Japão. E para lá os caças-bombardeiros B52 já circulavam sem se identificarem, enquanto em baixo navegava o único porta-aviões chinês.

O que de fato a China ganha com isso, dias depois de surpreender o mundo com reformas liberalizantes? Com interesses globais e numa escalada que poderá vir a sair da segunda para a primeira economia em alguns anos, além de potência nuclear, é patético imaginar seus dirigentes acreditarem que os americanos poderão atacá-la um dia.

Por muito mais, os Estados Unidos e a União Soviética não chegaram a isso.

O direito de defender seu território e armar-se até os dentes, ainda que com tecnologia inferior (por enquanto) a daqueles dois, o país tem, vá lá. Mas fustigar quase gratuitamente é dar chance para um erro de cálculo ou até para um ‘dia de fúria’ – infortúnios que Ele até agora tem pacientemente controlado desde que meia dúzia de nações passou a ter a capacidade de pulverizar o mundo.

Na verdade, a China sofre de baixa autoestima, vítima do menosprezo e preconceito do Ocidente – e de alguns vizinhos - durante séculos e, mesmo hoje, seu invejado desenvolvimento não é suficiente para restituir-lhe a glória. É um problema de ordem psicológica, não fosse os dedos nos botões.

Enquanto isso, seu imprevisível apadrinhado Kim Jong-um, o ditador da Coreia do Norte, dá sinais de impaciência querendo sair do recesso e voltar a ser estrela, depois de passar meses ameaçando o mundo via Coreia do Sul e, naturalmente, os americanos.

Em rompante rotineiro, anunciou recentemente ter completado a última fase de enriquecimento de urânio e vai construir novas armas nucleares. É com o gordinho, às suas barbas, que a China tem que se preocupar, porque o risco de explosão ali vai arrastar todo mundo, com ou sem Zida.

Não à toa, a vizinha Rússia está inquieta. Vladimir Putin tratou de assinar há dois dias um decreto renovando as restrições de cooperação com a Coreia do Norte, em linha às sanções do Conselho de Segurança da ONU decretadas em março último.

Por falar no presidente Putin, ele ficou estranhamente calado diante do estabelecimento da zona de identificação aérea do seu vizinho bem mais poderoso. Mesmo sendo um teatro de operações de interesse da Rússia e bastante frequentado pela aviação civil e militar do país.

Naturalmente que o Kremlin reconhece que a Zida chinesa é endereçada aos Estados Unidos e europeus, mas está disposto a aceitar candidamente que seus aviões informem suas identificações a Pequim? Está disposto a colaborar para, na pior das hipóteses, ser vítima de erro de avaliação dos caças chineses? Ou há algum acordo nos bastidores livrando os russos - que não são exatamente objeto de admiração também dos chineses - de qualquer exigência?

Agora que há uma chance mínima, daquelas de pegar ou largar, de sossegar o Irã – não se sabe por quanto tempo –, e escantear a estridência de Israel contra o acordo que abre as portas para controle das ambições nucleares iranianas, o mundo acorda sob renovadas ameaças.

Ainda levando em conta que de outro país periférico, a Síria, com potencial incendiário, Rússia e até os Estados Unidos largaram mão, sob a patrocínio do primeiro, já que mais vale um Assad do que os jihadistas (hoje no controle dos rebeldes), no comando do país e espalhando com mais força sua sangrenta Jihad.

Enfim, se Deus jogar a toalha, salve-se quem puder.

Fonte: Voz da Rússia

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