O pernambucano Otacílio Batista (1923-2003), um de nossos maiores repentistas, escreveu versos sobre o massacre da Praça da Paz Celestial, em Pequim, que, em minha opinião, valem mais do que mil reportagens sobre o assunto. Na manhã de 5 de junho de 1989, um homem, cuja identidade é até hoje desconhecida, desafiou uma fileira de tanques militares durante o histórico protesto de estudantes por reformas e abertura política no país. Em vez de ouvir as reivindicações, o governo optou por reprimir as manifestações com violência, causando milhares de mortos e feridos.
Os acontecimentos na praça Tian’anmen anteciparam a ruína dos regimes totalitários pseudocomunistas no Leste europeu: em novembro daquele ano, era derrubado o muro de Berlim, e, em 1991, a União Soviética se dissolvia. A China permanece em pé e cada vez mais poderosa. Um aspecto curioso é que o gigante asiático é considerado “comunista” apenas quando convém. Quando o Ocidente elogia seu sucesso econômico, a China é “capitalista”; quando se criticam os abusos contra os direitos humanos, vira “comunista” na hora.
O massacre da praça da Paz Celestial virou um tabu no país. 25 anos depois, permanece o mistério em torno do jovem que enfrentou, sozinho e desarmado, os tanques de guerra de Deng Xiaoping. Alguns dizem que “o rebelde desconhecido” ou “tank man” foi morto, outros que está vivo. Mas sua imagem de rebeldia permanece como uma inspiração para os jovens que lutam contra a opressão de regimes, totalitários ou não, em todo o planeta.
O cantador Otacílio diz tudo: “Quem oprime, massacra a mocidade/ Nunca foi nem será socialista”.
***
Praça da Paz Celestial
Por Otacílio Batista
(Clique aqui para ouvir Otacílio cantando o repente no programa Acervo Origens, da rádio Nacional FM de Brasília. A partir de 18min12s)
Lá na Praça da Paz Celestial
o direito da força quem domina
um país que se diz tão social
seus irmãos uterinos assassina
Os herdeiros do mundo oriental
carniceiros cruéis da velha China.
É bem triste saber, mas é verdade
que os gorilas do mundo moralista
metralharam sem dó, sem piedade,
o futuro da China comunista.
Quem oprime, massacra a mocidade
Nunca foi nem será socialista.
Três crianças correram de mãos dadas
Quando em nome de Deus pediam paz
Cruelmente, sem culpa, metralhadas
Quem venceu dessa vez foi Satanás.
Verdes rosas celestes massacradas
Deixamos porque sabe o que faz.
A muralha da China milenar
baraúna de tantas dinastias
Vendo a Praça da Paz sem paz ficar
na maior das maiores rebeldias.
Contra o Nero da China popular
O selvagem das negras tiranias.
A cortina de ferro está se abrindo
Pouco a pouco se ocidentalizando
Os baixios estão se dividindo
e a fogueira vermelha se apagando.
Quem oprime termina se oprimindo
com a voz do oprimido no comando.
O veneno da morte e da desgraça
fez na praça da Paz muitos finados
Era raça matando a mesma raça
Os selvagens são mais civilizados.
Viva a praça da Paz sem paz na praça
Os direitos humanos massacrados.
Viva a praça da Paz sem paz na praça
E os direitos humanos massacrados…
Fonte: Socialista Morena
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