sexta-feira, 6 de junho de 2014

O VANDALISMO BÁRBARO DA REVOLUÇÃO DE KIEV


“Queridos habitantes de Kiev, não temos nada mais precioso do que a nossa cidade antiga. Kiev sobreviveu a guerras e revoluções que destruíram monumentos de arquitetura, da arte – será que a história não nos ensinou nada?” Com essas palavras começava em fevereiro o apelo de figuras ucranianas da cultura a parar o vandalismo nas ruas de Kiev.

A carta, assinada por mais de cinquenta intelectuais, continha uma lista de perdas que estavam acontecendo perante seus olhos. “Foram danificados o Museu Nacional de Arte, a Biblioteca Parlamentar Nacional, o Instituto de Literatura Ucraniana, houve uma tentativa de roubo das coleções do Museu de Kiev. A praça da Independência e a rua Kreschatik, a rua Muzeiny e os seus monumentos arquitetônicos do início do século XX necessitam de reparações estruturais. Foram queimados espaços verdes na rua Grushevskogo, foi perturbado o equilíbrio ecológico da zona verde das encostas do rio Dnieper”. E esta lista não é completa. Entre os que assinaram a carta esteve também o artista popular da Ucrânia David Babaev. Olhando Kiev hoje, ele observa que “nada muda”:

“No centro da cidade reina o caos pós-revolucionário. Barricadas, sujeira, mau cheiro, grupos de sem-abrigo, desempregados, pessoas de todos os cantos da Ucrânia, principalmente do Ocidente do país. Eles são alimentados, embora não tão bem quanto antes – os nossos oligarcas deixaram de patrocinar. Não há problema: eles puseram chapéus e caixas no chão, coletam esmolas e não pensam em ir embora, eles estão bem lá. E Kiev continua vivendo sem autoridades”.

Kiev hoje parece se estar assemelhando a Kiev dos tempos da Guerra Civil na Rússia, que o famoso Mikhail Bulgakov descreveu no romance “A Guarda Branca”. Mas David Babaev acha que Kiev em 2014 é diferente de Kiev em 1918. E eis o porquê:

“Em Kiev de hoje não há nenhum confronto. Para meu horror, devo constatar que é uma cidade completamente diferente do que era não só nos tempos de Bulgakov, mas também há 20 anos. Porque se o partido Svoboda (Liberdade) e o Partido Radical de Oleg Lyashko receberam mais de 7% dos assentos no parlamento de Kiev, nenhum partido liberal, nem os comunistas conseguiram sequer um por cento, então a população de Kiev mudou dramaticamente. A cidade encheu-se de forasteiros. Principalmente da Ucrânia Ocidental. Eles criaram raízes, e estão implantando a sua ideologia”.

Uma certa semelhança entre “aquela” Guerra Civil e os eventos deste ano na praça da Independência em Kiev é, em parte, possível, acredita o diretor do museu “Casa de Bulgakov” em Moscou Nikolai Golubev:

“Eu penso que, certamente, são coisas diferentes, porque afinal de contas hoje há muitas tecnologias de estratégia política e, digamos, menos espontaneidade, mas em geral são parecidas. Tudo se repete. Afinal, se toda essa energia tivesse sido aplicada para fazer algo construtivo... Talvez agora tenha chegado o momento e comecem a construir alguma coisa em vez de se confrontarem”.

Construção cultural seria a melhor solução nesta situação. Especialmente porque as perdas culturais da Ucrânia não são apenas locais históricos desfigurados em Kiev, mas também a saída para o exterior de muitas pessoas realmente valiosas. Este processo, por sinal, tem continuado ao longo de todo o período da independência da Ucrânia. Segundo estatísticas da agência UNIAN, de 1996 a 2011 mais de mil e quinhentos cientistas ucranianos emigraram, muitas vezes elegendo como suas novas “casas” os EUA, a Alemanha e a Rússia.

O bailarino Denis Matvienko e o cantor de ópera Viktor Lutsyuk, ambos agora solistas do Teatro Mariinsky, se mudaram para a Rússia. O mesmo aconteceu com a patinadora Tatiana Volosozhar, que se tornou campeã do mundo já como atleta russa. Bem como o seu colega titulado, o jogador de hóquei Alexei Zhitnik, e o ginasta Nikolai Kuksenkov, que ganhou na seleção russa três medalhas de ouro na Universidade de Verão em Kazan no ano passado, e muitos outros. Quando um país está rapidamente perdendo cérebros e talentos, quem nele será capaz de compreender as palavras desesperadas dos intelectuais ucranianos que escreveram em sua carta de apelo: “Não há justificação para o vandalismo!”

Fonte: Voz da Rússia

Segue o link do Canal no YouTube e o Blog
Gostaria de adicionar uma sugestão, colabore com o NÃO QUESTIONE

Este Blog tem finalidade informativa. Sendo assim, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). As imagens contidas nesse blog foram retiradas da Internet. Caso os autores ou detentores dos direitos das mesmas se sintam lesados, favor entrar em contato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário