A editora MultiFoco acaba de publicar um livro de João Cláudio Platenik Pitillo, professor de História na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O livro, chamado “Aço Vermelho: Os Segredos da Vitória Soviética na Segunda Guerra Mundial”, trata pela primeira vez no Brasil, segundo o autor, o assunto do Exército Vermelho e o seu papel na guerra contra o nazismo.
A Voz da Rússia falou com Platenik Pitillo para esclarecer os pormenores.
– Bom dia, professor João. Primeiro, quero parabenizá-lo pela publicação do seu livro. Então, quais são os segredos que o senhor revela?
– Essa pesquisa que eu fiz aqui no Brasil foi muito difícil de fazer, porque nós não temos acesso com facilidade aos materiais soviéticos. Então: minha pesquisa se baseou no papel determinante da União Soviética, na certeza de que a vitória contra o fascismo, contra o nazismo só foi possível pelo esforço soviético. E os principais segredos que revelo neste livro são dois. Primeiro é o esforço do povo, do cidadão soviético – esse é um dos fatores determinantes. O outro foi a ausência de uma quinta coluna, ou seja, todo o trabalho que o governo soviético realizou antes da guerra se provou eficiente. A União Soviética teve essas duas grandes ações de mestre. Primeiro, evitou a quinta coluna, e segundo, foi capaz de produzir um exército em pouco tempo muito bem armado, equipado e treinado que venceu uma força maior, que era a força nazista. O exército alemão naquele momento era o exército mais poderoso do planeta e já tinha a seu favor grandes quantidades de recursos humanos e recursos naturais. Por que naquele momento, em 1941, o exército nazista era o dono de praticamente toda a Europa Ocidental. Então, a força que ele tinha era muito grande. A União Soviética teve a capacidade e a firmeza de deter a quinta coluna, prova que as ações do governo e do Partido anteriores à guerra foram corretas; segundo, conseguiu suprir, armar e treinar um exército superior ao exército nazista. Agora, tudo isso só foi possível por causa da determinação do povo russo, que correspondeu ao chamado do governo. Sem o povo russo, essa vitória não seria capaz. Porque o povo russo se alistou nas fileiras do exército. O povo russo participou da indústria, participou da defesa das cidades e combateu na linha de frente. E mais: o povo russo também foi solidário aos países que a União Soviética libertava. Aqui no Brasil as pessoas não conhecem o papel da União Soviética na Segunda Guerra Mundial.
Eu estou fazendo um trabalho de compilação de dados e muito minucioso – e esses dados me revelam segredos que o povo brasileiro e o Ocidente não conhecem. Porque aqui a gente sabe só que houve batalha de Stalingrado, houve batalha de Kursk, houve batalha de Berlim, mas não se tem os dados de como essa batalha ocorreu. E mais, existe o equívoco de acreditar que a União Soviética só venceu a guerra por causa dos aliados. Só que aquilo foi o contrário: os aliados conseguiram desembarcar na Normandia e avançar para a Alemanha graças ao fator da União Soviética, que tinha destruído as principais unidades do exército nazifascista. Então, o meu livro se baseia no encontro de uma guerra que o brasileiro não conhece.
Eu quero divulgar o livro o máximo possível. Eu estou à disposição de qualquer país que queira usar ou publicar o meu livro, que queira a minha participação em algum debate, alguma palestra. Não busco nenhuma ajuda financeira, estou à disposição da história. O meu papel é a verdade histórica.
– Com certeza o livro vai conquistar – se já não conquistou –a admiração dos leitores.
– O livro vai ser lançado no dia 22 de julho aqui na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Eu tenho uma série de outros trabalhos acadêmicos sobre o exército soviético. Eu só estudo a União Soviética na Segunda Guerra Mundial e o Exército Vermelho. Eu tenho recebido bastantes convites, porque é uma grande novidade no mercado brasileiro. Inclusive eu estive com o cônsul da Federação Russa aqui no Rio, Andrei Budaev, ele gostou muito do trabalho e me convidou a ir ao Consulado para comemorar o Dia da Rússia no dia 10 de junho, porque no dia 12 tinha o jogo do Brasil. O próximo passo que eu vou dar é começar a estudar o idioma russo melhor e ir à Rússia. Eu quero continuar minha pesquisa, visitar os arquivos e conhecer os acervos. Eu tenho isso como meta – de fazer justiça e resgatar a verdade histórica sobre esse assunto que o Ocidente, que o Brasil não conhece.
– Se não me equivoco, o Brasil, tendo-se primeiro declarado neutro, entrou na guerra em 1942, tendo virado um dos primeiros países da América Latina a fazer parte do conflito.
– O Brasil foi o único país latinoamericano que lutou na Segunda Guerra. O México participou da guerra, mas só mandou tropas quando a guerra já tinha acabado. Ele mandou uma tropa de policiais para uma região da Áustria. Mas o único país do continente efetivamente a mandar tropas para o teatro de operações da Europa foi o Brasil. O Brasil atuou como libertador na Itália. Nenhum outro país latinoamericano mandou tropas para o teatro de operações da Europa durante a guerra.
– Como o senhor estima a atuação da Força Expedicionária Brasileira, FEB? Houve contatos entre as forças brasileiras e o Exército Vermelho?
– Esta pergunta que você me fez é o tema da minha próxima pesquisa. Eu estou fuçando os arquivos do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) aqui. A minha próxima pesquisa é descobrir se em algum momento durante a guerra o Brasil estabeleceu relações diplomáticas ou militares com a União Soviética, porque as relações diplomáticas estavam rompidas entre o Brasil e a União Soviética. O Brasil da ditadura Vargas era naquela luta contra o comunismo. Então, eu quero saber se as ações do Brasil que a FEB empreende na Itália foram facilitadas pelas operações que o exército soviético fez no Cáucaso, na região da Iugoslávia, da Albânia. Eu tenho uma desconfiança que a ação do Brasil contra os 148 de montanha, já na Itália, foi facilitada, sem tirar a glória dos nossos combatentes, pela ação preponderante, fulminante do exército soviético no Cáucaso e na região da Iugoslávia. Eu tenho esta desconfiança, mas eu intento pegar documento, e isso vai precisar de contatos na Rússia. Eu ouvi que o jornalista russo Serguei Brilev, houve uma entrevista dele. Ele nasceu em Havana, agora ele está aqui no Uruguai e pretende fazer uma série de atividades para os setenta anos da guerra. Ele já descobriu que a Marinha soviética, os submarinos soviéticos fizeram operações conjuntas aqui no Caribe com a Marinha hondurenha. Então eu estou perseguindo se houve uma comunicação do Brasil com a União Soviética. Essa é a minha próxima pesquisa.
Eu já estou preparando meu próximo livro, sobre a batalha de Moscou. Eu quero escrever sobre o heroísmo do povo moscovita, que foi determinante para que o nazismo não tomasse a capital. Essa batalha foi a primeira derrota do nazismo na Europa. Foi a batalha de Moscou que deteve a Blitzkrieg.
Fonte: Voz da Rússia
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