Em frente à residência oficial do presidente da Câmara, eles protestaram contra o político-símbolo do conservadorismo que retira direitos dos mais pobres.
Com tambores, apitos e bandeiras, cerca de 400 jovens ligados ao Levante Popular da Juventude e ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) pediram a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nesta segunda (2), em ato realizado em frente à residência oficial do político, na chamada ‘Península dos Ministros’, uma das áreas mais nobres de Brasília.
Durante o “escracho”, os jovens colaram cartazes e faixas na entrada da residência oficial, picharam a rua que dá acesso ao imóvel e gritaram palavras de ordem como “Ai, ai, ai, empurra o Cunha que ele cai”. O alvo das manifestações, entretanto, estava longe dali. De acordo com a Polícia Legislativa, Cunha viajou com a família para curtir o feriadão. Só retorna à Brasília nesta terça (3).
Em alusão ao Dia de Finados, os manifestantes realizaram o enterro simbólico de várias matérias conservadoras em tramitação na Câmara, propostas ou defendidas pelo político. Entre elas o Projeto de Lei 5.069/2013, de autoria dele próprio, que dificulta o acesso por mulheres vítimas de estupro ao aborto legal e até mesmo à pílula do dia seguinte.
“A juventude está na rua para defender que um outro projeto para o Brasil é possível e que não aceitaremos sem lutar projetos como o 5069, que é uma violência contra o corpo das mulheres, uma das muitas que o Estado comete”, afirmou Laura Lydio, porta-voz do Levante Popular da Juventude.
Dentre as matérias de autoria do presidente da Câmara, os jovens criticaram também o PL 7.382/2010, que ironiza a luta LGBTT ao propor a criminalização do que Cunha define como ‘heterofobia’, e o PL 1.672/2011, que institui o ‘Dia do Orgulho Hétero’. E, ainda, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93 que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, que ele se orgulha de ser um dos principais articuladores.
Além do avanço do conservadorismo na Câmara, os jovens denunciaram também a escalada neoliberal, que conta com Eduardo Cunha como forte aliado. Eles rechaçaram, entre outros, o PL 4330/2004, que restringe direitos trabalhistas históricos ao liberar as contratações de mão-de-obra via terceirização para quaisquer cargos, e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 395/2014, que avança no projeto de privatização das universidades públicas, a partir da permissão para a cobrança de cursos de pós-graduação nas universidades públicas.
De acordo com Janderson Barros, do coletivo de Juventude do MST no DF, Cunha representa a agenda conservadora do Congresso que retira direitos fundamentais do povo brasileiro. “Lutamos contra essa bancada conservadora que está no Congresso e que não nos representa. A retirada de direitos do povo coordenada pelo Cunha é um retrocesso. Por isso, precisamos de uma reforma política para reestruturar a sociedade e a juventude tem um papel fundamental nesse processo”, afirmou.
Durante o escracho, os jovens condenaram também as manobras do parlamentar que dão fôlego a velhas práticas geradoras de corrupção, como as doações privadas para campanhas eleitorais, já condenadas pelo STF, mas ainda defendidas com veemência por Eduardo Cunha. Eles lembraram que o político foi acusado pela Procuradoria Geral da República (PGR) de cometer dois crimes de corrupção passiva e 60 operações de lavagem de dinheiro no esquema da Petrobrás, investigado no âmbito da Operação Lava Jato.
‘Precisão operacional’
A residência oficial do Presidência da Câmara fica localizada em uma das áreas mais nobres da capital federal, que fica em uma península, às margens do Lago Paranoá. Seus vizinhos são outros parlamentares, embaixadores, ministros dos tribunais superiores de Justiça e grandes empresários. Conforme levantamento feito pelo MST, um terreno na chamada ‘Manhattan brasiliense’ não custa menos do que R$ 4,5 milhões.
Durante muitos anos, os privilegiados que vivem ali estenderam seus quintais até o lago, como forma de impedir a livre circulação de pessoas na área. Invadiram, inclusive, a área de preservação ambiental do Parque Ecológico Península Sul, criado para servir como área de lazer para toda a população.
Desde agosto, o governo do DF cumpre uma determinação judicial de desocupação da área pública. Já derrubou muros e cercas de muita gente rica, liberando o acesso ao lago. Mas se intimidou frente às áreas ocupadas por residências públicas, como a de Cunha, que continuam restringindo o acesso da população.
Aliás, no caso específico da quadra em que ele mora, as restrições de acesso atingem também a parte superior, onde os moradores instalaram uma guarita 24 horas, ocupada por seguranças privados. Por isso, a ação dos jovens do MST e do Levante teve que ser muito precisa para garantir o acesso de todos os manifestantes e da imprensa, antes que seguranças privados, Polícia Legislativa e Polícia Militar fechassem a área.
Os vizinhos de Cunha ficaram curiosos com a movimentação atípica naquele cantinho isolado de Brasília que eles restringiram só para si. Muitos saíram de casa para acompanhar o protesto, fizeram fotos, vídeos, mas preferiram observar de longe e não dar entrevistas em nenhuma hipótese. “Isso é coisa do MST?”, questionou um senhor que chegava ao local, em um carro importado.
Fonte: Carta Maior
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