sexta-feira, 12 de julho de 2013

PM DO RIO ATACOU GRUPOS EM FUGA E ATINGIU HOSPITAL



 
 


A ação da Polícia Militar no protesto em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, espalhou manifestantes num raio de um quilômetro do local. Bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra grupos que fugiam da confusão e um hospital ficou no fogo cruzado.
 
O conflito começou às 20h05, uma hora e 20 minutos depois de chegar ao palácio em passeata desde o Largo do Machado. A confusão se iniciou após um grupo de manifestantes lançar fogos de artifício contra a sede do governo.
 
Na primeira dispersão, os grupos se espalharam em direção à praça São Salvador e à praia de Botafogo. As bombas de gás lacrimogêneo empurraram manifestantes até o aterro do Flamengo.
 
Um grupo derrubou lixeiras e ateou fogo nos detritos na via. Na rua Presidente Carlos de Campos, moradores discutiram com manifestantes em razão das fogueiras que se formavam no local.
 
Um grupo de cerca de 300 pessoas retornou ao palácio, gritando palavras de ordem contra o governador Sérgio Cabral (PMDB). A fim de dispersar os manifestantes que voltavam, PMs liberaram o trânsito da rua Pinheiro Machado, que fica em frente ao palácio. Eles por vezes bloqueavam a pista, o que gerou as primeiras prisões.
 
Nos rápidos conflitos em frente ao palácio, manifestantes e jornalistas se abrigaram dentro da Casa de Saúde Pinheiro Machado, que fica em frente à sede do governo. O cheiro de gás invadiu o primeiro andar. "A casa está cheia de pacientes", disse uma das funcionárias. A unidade tem 22 leitos, alguns de CTI (Centro de Tratamento Intensivo). Uma pessoa deu entrada no local com um ferimento na cabeça.
 
Às 22h04, um grupo voltou a fechar a rua Pinheiro Machado e se aproximou da linha de PMs que ocupavam o canteiro central da via. Poucos segundos depois, sem qualquer agressão contra a polícia, agentes usaram o caminhão pipa com jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.
 
Nesta segunda dispersão, policiais encurralaram grupos que fugiam da confusão. A Casa de Saúde Pinheiro Machado voltou a ser usada como abrigo. Ela teve a porta quebrada por tiros de borracha disparados em sua direção.
 
Um grupo que fugiu pela Pinheiro Machado em
direção a Laranjeiras encontrou primeiro um blindado da PM na esquina com a rua Álvaro Chaves. Policiais lançaram mais bombas de gás na passagem, dificultando a fuga para a rua das Laranjeiras.
 
Logo depois, mais duas viaturas do Batalhão de Choque desciam o viaduto que sai do túnel Santa Bárbara. Mais uma vez, bombas foram lançadas na rota de fuga dos manifestantes. O mesmo ocorreu na praça São Salvador, onde agentes dispararam contra grupos que fugiam do cenário de guerra pela rua Senador Correia.
 
ANTES DO CONFLITO
A concentração da manifestação começou às 17h30 no Largo do Machado. O grupo chegou a cogitar mudar a rota para o Palácio Laranjeiras --residencial oficial do governador, mas não usada por Cabral-- porque havia menos policiais no local. Desistiram quando alguém lembrou que o local fica perto da sede do Bope (Batalhão de Operações Especiais).
 
O grupo de cerca de 500 pessoas chegou no Palácio Guanabara às 18h45. Ali permaneceu gritando palavras de ordem por mais de uma hora. O número de manifestantes aumentou com a chegada de grupos anarquistas que estavam na manifestação do centro da cidade.
Não havia bandeiras de partidos nem de sindicatos --apenas uma do clube de futebol Bangu. Os manifestantes pediam a renúncia de Cabral.
 
Cercado por grades, policiais faziam a proteção do palácio. Um oficial pedia uma manifestação pacífica pelo megafone. Ele se dirigiu a um grupo menos exaltado da seguinte forma: "Quem está fazendo uma manifestação pacífica, nós [policiais] vamos apoiar sempre. Nos ajude a identificar baderneiros". A resposta foi imediata: "O baderneiro está aí dentro. Prende o Cabral!"
 
No palácio, além de policiais, cinegrafistas do governador filmavam a manifestação.
Manifestantes perseguiram três homens sob a alegação de que eram P-2 (policiais infiltrados à paisana). Uma dupla acusada era, na verdade, segurança de repórter da TV Globo. O terceiro, se refugiou dentro do Palácio Guanabara passando com facilidade pelo cordão de policiais militares.
 
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