sexta-feira, 9 de agosto de 2013

EUA-RÚSSIA: MAIS VALE UMA “PAZ FRIA” QUE UMA BOA SENTENÇA?

 

O cancelamento de todos os contatos programados para setembro pelo presidente norte-americano Barack Obama com seu homólogo russo Vladimir Putin desperta vivo interesse entre os peritos. Os analistas estão apresentando diferentes teorias sobre as possíveis consequências deste esfriamento nas relações entre os líderes dos dois países.
 

"Paz fria" – esta expressão está se tornando a principal para muitos cientistas políticos quanto se fala das perspetivas das relações russo-estadunidenses nos próximos anos. As contradições acumuladas entre Moscou e Washington já estão evidentes: a situação na Síria, a defesa antimíssil na Europa, a lista Magnitsky e, finalmente, a concessão de asilo temporário na Rússia ao ex-funcionário da CIA e da Agência Nacional de Segurança, Edward Snowden.
No entanto, até agora, por mais difíceis que fossem as situações políticas existia sempre um canal de comunicação direta entre os presidentes para resolver as disputas. E este diálogo, pelo menos, não permitiu que as forças interessadas em confrontação aberta entre a Rússia e EUA, ditassem suas condições. Mas agora, por iniciativa de Washington, este mecanismo parece ter sido suspenso por muito tempo.
O perito norte-americano do fundo Heritage, Ariel Cohen, considera que a situação atual é bem prejudicial:
"Podemos perder demasiado em nossas relações: tanto no campo da energia e na cooperação econômica, como na segurança internacional. Os russos precisam de tecnologias e investimentos estadunidenses no Ártico, em projetos de gás e de petróleo, no desenvolvimento do Extremo Oriente, além disso, ambos os países enfrentam uma ameaça de extremistas islâmicos. Recentemente, os líderes dos terroristas da Chechênia avisaram que pretendiam cometer atentados durante os Jogos Olímpicos em Sochi, enquanto os EUA já foram forçados a fechar suas embaixadas no Iêmen por causa de ameaças. Estou certo que os serviços secretos norte-americanos irão cooperar com a Rússia para impedir ataques contra instalações olímpicas em Sochi. Temos muitas coisas que poderíamos fazer juntos, mas, infelizmente, as pessoas com a filosofia dos tempos da Guerra Fria não estão prontas para uma cooperação, e este é seu maior erro."
O diretor da revista italiana Geopolítica, Tiberio Graziani, considera que as ambições globais dos EUA, reprovadas pela Rússia como uma das principais potências internacionais, foram a razão para esta deterioração nas relações entre Moscou e Washington.
"Não esperava que Obama desse tal passo, sendo que a Rússia demonstrou uma transparência no caso Snowden, e os EUA deveriam aproveitar a ocasião. Mas isso não aconteceu. Toda a situação faz lembrar os tempos da Guerra Fria. Acho que a recusa de Obama de se encontrar com Putin, na realidade, foi também uma mensagem a seus aliados europeus. Em outras palavras, os Estados Unidos sentem que a UE às vezes não apoia sua política. É de destacar que a impertinência dos EUA no espaço geopolítico euroasiático cria certos problemas à Rússia – o principal país da região. Por isso, se falamos de um retorno à Guerra Fria, esta tendência foi escolhida pelos EUA, e não pela Rússia."
O cientista político sérvio Djordje Vukadinovic salienta que Washington continua a travar uma política de duplos padrões, como a situação em torno de Snowden mostrou claramente.
"Caso Snowden concedesse qualquer informação sobre a China ou a Rússia, acho, ele seria nomeado ao Prêmio Nobel da Paz. Mas, uma vez que ele revelou informações apenas sobre os Estados Unidos, ele se tornou um inimigo. No entanto, Snowden não foi a razão principal para cancelar os encontros. A razão foi a Síria e outros países onde os norte-americanos têm problemas no reforço de seu controle no Oriente Médio. Washington logo esqueceria do caso Snowden se Moscou apoiasse sua política síria. Ainda assim, acho que este esfriamento nas relações de Washington e Moscou é temporário."
Os peritos admitem que, ao cancelar unilateralmente todos os contatos ao mais alto nível, Barack Obama deu um grande passo atrás. Agora, toda a responsabilidade pelas consequências políticas repousa sobre a Casa Branca, onde, evidentemente, os apoiantes da confrontação estão temporariamente dominando. Podemos apenas ter esperança de que sua intenção de incompatibilizar definitivamente Moscou e Washington não venha a passar os limites da lógica elementar e do pragmatismo.
 
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