Um corpo arredondado futurista, uma tela LCD e a existência de ligação sem fios são características das "lixeiras inteligentes" que rivalizam com qualquer dispositivo portátil. Elas foram instaladas na City antes da realização da Olimpíada de Londres. Um ano depois, soam exigências para retirar das ruas da cidade essa obra da autoria de uma empresa de marketing. O motivo é que elas recolhem, com recurso a sensores sem fios, a informação dos telefones celulares dos transeuntes. Tudo isso ajuda posteriormente a enviar publicidade dirigida, explicou à Voz da Rússia o perito em tecnologias de informação Pavel Valushko:

"Essas lixeiras podem determinar com exatidão onde você costuma ir, que percurso utiliza, quantas vezes para e em que lojas entra. Há empresas que enviam publicidade conforme o local onde seu smartphone se encontra. Há pouco, surgiu um problema com a Google que fazia o seguimento das pessoas com ajuda do sistema Wi-Fi."

Este tipo de situações relacionadas com a coleta de dados não é novo. O presidente da empresa de consultoria Kontakt Expert Gueorgui Trusov recordou um escândalo público ocorrido há um ano com o mesmo impacto:

"O caso mais famoso ocorreu nos EUA com a rede Target. Um indignado pai de uma estudante do secundário entrou numa loja para reclamar de sua filha receber informação de como cuidar de um bebé, pois ela ainda era adolescente. Passados alguns dias, já depois de ter recebido as devidas desculpas, ele voltou à loja para ser ele a pedir desculpa. Afinal, sua filha estava grávida e isso foi descoberto não por uma pessoa, mas pelo computador. Este não pode, evidentemente, analisar o caráter de cada pessoa, mas com a utilização do data mining, análise de dados a partir de grandes coletas de informação, pode definir com grande precisão o comportamento de uma pessoa."

Este tipo de informações é uma verdadeira mina de ouro para as diversas redes comerciais. Isso lhes permite planejar para onde canalizar seus fluxos financeiros, no valor de biliões, e como prever a evolução da procura. Hoje, os habitantes da União Europeia e dos EUA são, sem o saberem, objeto de uma vigilância apertada, continua o perito:

"Logo que o comportamento do consumidor sofre alterações, isso significa que a vida da pessoa mudou de alguma forma. Essa informação é indispensável para as grandes redes. Para elas, a análise desse grande volume de informação recolhida é uma necessidade para sobreviver. As companhias ocidentais sabem sobre nós coisas que nenhum sociólogo poderá alguma vez prever. Essas tecnologias não vão desaparecer. Além disso, elas irão se aperfeiçoar."

Neste momento, tal como demonstrou o último escândalo na City, a sociedade ainda não está objetivamente preparada para essa intrusão. Alguns cidadãos já se dirigiram às organizações de defesa dos direitos e liberdades. Por enquanto não se fala de processar a empresa que desenvolveu esse produto, mas mesmo que isso ocorra, dificilmente os processos resultarão em condenações, considera o advogado Rustam Chernov:

"No sistema jurídico anglo-saxônico funciona com rigor o conceito de privacidade, quando a vida privada de um determinado indivíduo é protegida por lei. Já quando falamos de atos cometidos relativamente a um círculo impessoal de indivíduos, aqui funciona a primazia do espaço público, ou seja, já não se trata da vida privada. Se essa aparelhagem é usada para vigiar fluxos de movimento de pessoas, isso já é completamente admissível. Outra coisa se passa quando são descobertos fatos de abuso, quando todos são vigiados, mas só um indivíduo é seguido. Neste caso já podem ter lugar penalizações judiciais."

Esse mesmo aspeto "impessoal" de seus estudos é salientado pelos criadores das "lixeiras inteligentes". 

Além disso, a informação era anônima. Contudo, devido à pressão da opinião pública, as autoridades exigiram à empresa a remoção das "lixeiras inteligentes". Segundo a mídia britânica, mais de 4 milhões de pessoas foram vítimas das lixeiras-espias.

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