Como são vistos aqueles acontecimentos nos dias de hoje? Que repercussão tiveram nas relações da Rússia com a República Tcheca e Eslováquia? Tais avaliações e respostas foram facultadas à Voz da Rússia em contato telefônico com Lubos Dobrovsky, antigo embaixador da República Tcheca na Rússia, participante ativo da Revolução de Veludo de 1989:

— Na altura da ocupação trabalhava em Moscou como correspondente da Rádio Nacional. Claro que estava muito emocionado por causa do emprego da força militar que eu, contudo, tinha previsto. É que na fronteira tchecoslovaca se realizavam exercícios militares conjuntos e as tropas podiam, em qualquer momento, intervir para impedir a construção do "socialismo de rosto humano".
— Isto tudo se fazia sentir e não o deixou em paz. Que sensações prevaleceram na Tchecoslováquia antes da intrusão?

— Todos viviam de ilusões e expectativas. A maioria acreditava que os dirigentes comunistas de ânimos reformadores pudessem enfraquecer o sistema totalitário, tentando renová-lo a seu gosto. As pessoas não deram conta da eventual reação negativa da direção da URSS e de outros regimes comunistas. Claro que as reformas podiam se alastrar, abrangendo o campo socialista, o que provocava um medo enorme.

— O que decidiu fazer naqueles dias em Moscou?
— A comunicação direta com Praga foi bloqueada. Através de meus colegas da Reuters e da AFP dei a conhecer como a mídia soviética tentava deturpar o sentido das reformas democráticas. Passado algum tempo, fui expulso e deixei de trabalhar na rádio. Trabalhei depois nas revistas Literární Noviny e Plamen que também depois foram fechadas. O que me restava fazer? Fui trabalhar como almoxarife no Museu da Escrita Nacional, trabalhei ainda como fogueiro e empregado de limpeza...

— Mas enfim chegou a trabalhar em Moscou...

— Sim, é verdade, depois de muitos anos! Ocorreu a Revolução de Veludo e o regime comunista caiu. Exerci cargos de vice-ministro das Relações Exteriores, ministro da Defesa e chefe da Casa Civil durante a presidência de Vaclav Havel. Depois foi nomeado Embaixador na capital russa.
— E como se sentiu em Moscou dessa vez?

— Congratulamo-nos pelo fim do regime comunista na URSS e pelo surgimento da Rússia democrática. Acompanhamos com muita atenção a construção da sociedade civil e de instituições democráticas. Mas hoje, algumas tendências na Rússia vão suscitando receios. Em meu país, me preocupam também os sinais de estabelecimento de uma república presidencialista autoritária. Nosso novo presidente atua por vezes como ditador: o governo foi demitido, o parlamento será dissolvido em breve e os partidos políticos se desfazem... Os tchecos parecem divididos nos problemas internos. A história triste do esmagamento da Primavera de Praga, acontecida há 45 anos, quase não desperta interesse...

Fonte: Voz da Rússia


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