sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A ÉPOCA DO PLURALISMO GEOPOLÍTICO


O desenvolvimento da situação síria, assim como o repentino degelo nas relações irano-americanas obrigam os peritos ocidentais a falar numa recuperação das posições da Rússia como contrapeso dos Estados Unidos. “A Rússia está a definir novas linhas na esfera diplomática”, consideram.

O abrandamento da tensão no Oriente Médio provocado pela iniciativa síria de Moscou também atingiu as relações entre os EUA e o Irã. Afinal Obama e Rohani não têm nada contra a melhoria das suas relações. Se alguma coisa os contém é a reação contraditória das suas próprias elites políticas, considera o politólogo Leonid Polyakov:

“O desanuviamento inesperado ocorre devido à mudança de presidente no Irã. Ahmadinejad defendia uma posição antiamericana radicalmente inflexível. O novo presidente é, nesse sentido, bastante mais tolerante, pelo que é criticado pela parte da sociedade iraniana mais antiamericana. Mas a razão principal, na minha opinião, é que ambas as partes já terão esgotado o seu potencial de confrontação. Até aqui os americanos pressionavam o Irã com todos os meios ao seu dispor. O Irã, por contrapartida, criava toda uma retórica antiamericana inflexível. Foi criada uma situação sem saída. Com a subida ao poder do novo presidente, os EUA sentiram que havia uma possibilidade para sair desse beco e para substituir o formato das relações bilaterais por outro mais favorável.”

Com a chegada de Rohani, o Irã gostaria, com certeza, de se livrar das sanções. Por mais que digam os dirigentes iranianos, essas sanções têm um grande peso para a economia do país. Praticamente a única maneira de fazer a situação sair desse ponto morto é demonstrar uma abertura relativamente ao programa nuclear, que é o que está a fazer Rohani com sucesso.

Os Estados Unidos irão perder se se decidirem a atacar o Irã. Esse tipo de atos de confronto só reforçará as posições dos fundamentalistas iranianos e por isso para os americanos o mais racional é iniciar conversações. Em princípio, também aqui a Rússia poderia servir de mediador.

A grande dúvida é se ela estaria interessada. Segundo o perito em problemas da Ásia Central e do Oriente Médio Semen Bagdasarov, a Rússia não se deveria imiscuir nesse processo:

“Nós devemos partir do princípio que o Irã não é nosso parceiro estratégico para sempre. Isso está longe de ser assim. Se chamarmos as coisas pelos seus nomes, a Rússia também não precisa de ter na sua vizinhança um Irã com o seu poderoso exército e a sua poderosa indústria militar. Hoje o Irã defende uns interesses, mas amanhã pode se lembrar os seus interesses no Sul do Cáucaso e no mar Cáspio. Nem sempre esses interesses coincidem com os interesses russos. Ser mediador entre os EUA e o Irã é uma tarefa ingrata. Eles devem se entender sozinhos.”

Mas aqui surge o tema da Rússia como um contrapeso dos Estados Unidos no Oriente Médio. Alguns peritos falam mesmo do regresso a uma forma modificada dos tempos da Guerra Fria. Mas, como se sabe, aquela foi uma época que já não regressará. O propósito da Rússia é outro, considera Leonid Polyakov:

“O problema não é a Rússia querer ser um contrapeso. A questão é ela estar a assumir um novo papel no Oriente Médio. Nos últimos anos a Rússia acabava por ficar com o papel de observador, mas depois da iniciativa síria surgiu a oportunidade de entrar ativamente na região do Oriente Médio já não como observador, mas como um participante fundamental. Se isso é visto como a criação de um contrapeso aos EUA, isso é só porque até agora os EUA se assumiam como o único participante. Na realidade se trata apenas de querer reestabelecer um equilíbrio.”

Hoje os EUA enfrentam o risco de perder uma zona tradicionalmente dominada por eles que é o Oriente Médio. Seria irracional acusar disso a Rússia. Os norte-americanos simplesmente não estão habituados a existir num ambiente de pluralismo geopolítico, cuja época, ao que tudo indica, teve início há algumas semanas em Moscou.

Fonte: Voz da Rússia

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