As relações entre a Rússia e a União Europeia não devem ser o domínio apenas de políticos e diplomatas, mas também de ativistas da sociedade civil. Disso têm certeza os participantes do Fórum da Sociedade Civil UE-Rússia, cuja assembleia geral está decorrendo em Haia. Os membros aqui reunidos das cerca de cem organizações sem fins lucrativos e não-governamentais de ambos os lados acreditam que a interação direta das sociedades ajudará a criar o espaço da Grande Europa, influenciar a rápida assinatura de um novo acordo de parceria e cooperação entre a Rússia e a UE.
O Fórum da Sociedade Civil é uma organização internacional muito jovem, fundada em Praga em 2011. O seu nome traz memórias da Revolução de Veludo na Tchecoslováquia, quando o movimento de oposição do mesmo nome, liderado por Vaclav Havel, levou ao desmantelamento do regime comunista no país. Terá o Fórum da Sociedade Civil europeu-russo seus próprios objetivos "revolucionários"? Pusemos esta questão, antes de sua viagem para Haia, ao membro da organização pública tcheca Agora Central Europe, Frantisek Havlin.
"Se a revolução é o desejo de arrancar a juventude das garras da apatia social e arrancá-la de seus aparelhos eletrônicos, então sim, nós somos revolucionários", disse ele:
– O nosso grupo de trabalho, chamado "Problemas Sociais e Participação Cívica", criado no âmbito do fórum, está focado num projeto de cooperação em conjunto com a Rússia para a educação cívica dos jovens. Na assembleia geral anterior, em São Petersburgo, nós conversamos sobre a ideia. Afinal de contas, nós utilizamos esta experiência com sucesso na Geórgia, Moldávia, Bósnia e Herzegovina. Gostariamos de implementá-lo na Rússia, na qual estamos profundamente interessados. De que se trata então ao certo? Hoje está crescendo uma geração que está decididamente desinteressada na vida da sociedade. Os jovens não sabem o básico sobre o funcionamento do governo, não querem participar no governo local, não vão às eleições. Eles deixam tudo aos políticos, e depois repreendem-nos impiedosamente. Isto observamos tanto na Europa como na Rússia.
– Como então mudar a situação?
– Nós queremos ensinar os jovens a trabalhar com informação, saber como selecioná-la, manter debates públicos, incluindo eleitorais. A atividade cívica deve ser ensinada na escola e depois nas faculdades.
– Mas a juventude tcheca sempre foi hiperativa. Os estudantes foram iniciadores das maiores mudanças históricas em seu país...
– Sim, eles se tornam ativos em momentos de crise. Mas na vida corrente não querem ter nada a ver com instituições do governo, seja a nível local ou central. Os jovens não aderem a partidos políticos, os quais, por isso, são tão escassos que, por vezes, não está claro que eles representam. Agora está decorrendo uma campanha para as eleições legislativas antecipadas. Mas talvez só no Partido dos Verdes há membros jovens.
– Mas voltando ao Fórum da Sociedade Civil UE-Rússia. Quem são seus parceiros russos aqui?
– Nós estamos justamente procurando um parceiro e, ao mesmo tempo, também os meios para realizar o nosso projeto. Os colegas de Agora na Rússia são as organizações que se dedicam à educação cívica da juventude. No grupo de trabalho são muitos: a organização regional de Krasnoyarsk Interra, o Instituto de Atividade Cívica de Perm e outros. Para comunicar com mais facilidade, eu, por exemplo, fiz um curso de língua russa. Ainda enquanto trabalhava na Geórgia e na Moldávia, percebi que o russo é a língua de comunicação internacional no espaço pós-soviético.
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