Na última semana de junho a mídia norte-americana apresentou mais um tema para debate público: os métodos alternativos para alcançar a vitória no Oriente Médio.
Desta vez o pretexto foi a publicação de um livro em que se contava a história de um oficial das forças especiais dos EUA. O major Jim Gant declarava abertamente, já em 2009, que os Estados Unidos estavam perdendo a guerra no Afeganistão. Na sua opinião, a vitória poderia ser alcançada atraindo para o lado americano as tribos pashtun através da sua infiltração por pequenos grupos de operacionais das forças especiais.
A ideia de Gant era: se uma sociedade é arcaica, não se deve forçá-la a ser diferente. Torna-te o partido de uma das tribos. Ajuda-a a defender seus interesses nas relações com os vizinhos, com os inimigos e com o Estado. Não interfiras nos assuntos internos da tua nova tribo, mas usa todas as oportunidades para convencê-los das vantagens de uma cooperação mútua com uma poderosa força externa. Essa união tornará inevitavelmente mais forte a “tua” tribo. A seguir virão outras tribos. As áreas de influência dessas tribos deixarão de ser áreas de influência do teu inimigo, porque tribos fortes não admitirão estarem submetidas a forças externas. Já a tua influência será imperceptível, mas forte e constante, porque a tribo irá inevitavelmente depender prestação de “serviços” da tua parte.
Tendo obtido o aval do comado, Gant colocou suas ideias em prática ao longo de dois anos, tendo vivido e lutado com uma tribo amiga contra os rebeldes na província de Kunar. O método que ele propunha para conquistar a razão e o coração da população se apresentava como uma solução simples e segura do problema principal das guerras no Oriente, que é a incapacidade de governos centrais fracos, mesmo com um forte auxílio externo, em pacificar seus territórios, quer pela força, quer por negociações.
Gant conseguiu atrair para seu lado três tribos influentes. O comando reconheceu que as razões para seu sucesso eram exclusivamente seu talento pessoal e sua persistência. Os dois anos de vida atribulada entre os pashtuns e de combates permanentes contra seus inimigos tiveram um resultado previsível. Tendo sido acusado de violação grosseira das normas éticas, Gant foi em 2012 afastado de sua missão, a “boina verde” foi-lhe retirada, ele foi despromovido e expulso sem honra do exército.
Quais foram as razões para esse seu insucesso? Gant escreveu na carta a um amigo: “Eu tento vencer. Não tenho a certeza que todos o querem. ”Provavelmente sua ideia de se “tornar num dos seus” foi simplesmente usada como cobertura propagandística do velho método de ganhar aliados com recurso a dinheiro, armas e garantias de proteção e apoio. É do conhecimento geral que os efeitos dessa “amizade” são efémeros e suas consequências são catastróficas.
No Iraque, por exemplo, os colegas do major Gant tentaram garantir a estabilidade e a segurança no “triângulo sunita”, ajudando as tribos locais a defenderem suas terras dos ataques dos grupos radicais. Na realidade as tribos apenas aderiram temporariamente ao lado do “mais forte e generoso”. Quando as tropas dos países ocidentais retiraram, o problema da segurança sem apoio externo voltou a ser para elas uma questão de sobrevivência. Assim, eles tomaram o lado dos fundadores fanáticos do “califado”.
Isso deverá ser considerado como uma traição ou traição será aquilo que os obrigou a decidir dessa forma? Poderia o exército dos EUA apoiar indefinidamente seus aliados nos cantos mais afastados de países longínquos? Poderia Gant continuar combatendo, com seu destacamento, nas montanhas do Afeganistão por muitos mais anos? Claro que não.
O livro sobre as aventuras do major Gant no Afeganistão foi um bestseller nos Estados Unidos. O surgimento há dias do “califado” no Iraque foi uma confirmação que a paz nessas zonas deve ser obtida por métodos completamente diferentes.
Fonte: Voz da Rússia
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