quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

KIM JONG-UN AFASTA O REGENTE


Na mídia sul-coreana surgiram informações sobre grandes mudanças que terão ocorrido na direção da Coreia do Norte, referindo que Jang Sung-taek terá sido afastado dos postos que ocupava. Ele é marido da tia de Kim Jong-un e desempenhou o papel de regente durante os primeiros dois anos da sua governação, ajudando o jovem governante do país a entrar na sua função.

A divulgação da saída de Jang Sung-taek ainda não foi confirmada, mas parece verosímil. Desde a primavera deste ano que Jang Sung-taek reduziu consideravelmente as suas aparições públicas.

A história mundial demonstrou que o trabalho de regente não só é honroso e lucrativo, mas também é difícil e perigoso. Quando um jovem monarca toma o gosto pelo poder, um regente envelhecido se vai tornando numa fonte de irritação e hostilidade. Um regente inteligente sabe que essa evolução dos acontecimentos é inevitável e tenta por isso não irritar o monarca que tutela. Nesse caso, o regente poderá contar com uma aposentação honrosa e uma velhice desafogada.

Contudo, a história demonstra que a maioria dos regentes são pessoas ambiciosas e por isso não percebem muito bem quando devem parar. O resultado é a irritação do monarca ser exteriorizada, mais tarde ou mais cedo, e o regente acaba por enfrentar a queda em desgraça, a prisão ou o cadafalso.

Isso é aplicável a praticamente todos os sistemas monárquicos e poucos terão dúvidas que, do ponto de vista prático, a Coreia do Norte atual é uma monarquia absoluta. Porém, ela também tem a sua especificidade que, segundo se supõe, também influenciou o destino de Jang Sung-taek.

Kim Jong-un ocupou o cargo mais alto do país de uma forma repentina. Tudo indica que o seu pai, Kim Jong-il, pensava ainda ter pela frente muitos anos de vida e que teria tempo para preparar Kim Jong-un para os assuntos da governação. Mas a história decidiu de outra forma e Kim Jong-il faleceu prematuramente em dezembro de 2011.

Ao ascender inesperadamente a um poder absoluto, Kim Jong-un se descobriu rodeado de conselheiros e dignitários de seu pai. Todos eram pessoas significativamente mais velhas e radicalmente diferentes pelas suas ideias. Na prática, o jovem dirigente é obrigado a governar o país pelas mãos de pessoas da geração de seu pai, por vezes da geração de seu avô. É evidente que uma situação destas iria criar uma tensão psicológica em qualquer país, mas numa Coreia do Norte de tradições confucionistas essa situação é completamente inadmissível para o novo governante.

Para governar o país Kim Jong-un terá de remover todos os dignitários de seu pai e substitui-los por pessoas da sua confiança e com quem se possa entender. Só depois disso é que ele pode pôr em prática o seu próprio rumo político, e aqui nem tem importância qual será esse rumo.

Kim Jong-un e os seus assessores começaram a remover os dirigentes da velha geração potencialmente perigosos ainda na primavera e no verão do ano passado. O seu primeiro alvo foi o exército. Em julho de 2012 foi demitido de suas funções e desapareceu o general Ri Yong-ho, uma das figuras principais do grupo de regentes que Kim Jong-il nomeou para apoiar o jovem Kim Jong-un pouco antes da sua morte. Juntamente com Ri Yong-ho da arena política desapareceram também vários generais influentes.

Já então, muitos observadores políticos previam que Kim Jong-un iria em breve se ocupar dos altos dignitários partidários. Foi o que parece ter acontecido. Provavelmente Jang Sung-taek foi a primeira vítima devido precisamente ao seu vulnerável papel de regente.

Tudo indica que um destino semelhante aguarda muitos outros dignitários da geração mais velha.

Nos próximos meses e anos poderemos assistir a muitas demissões no aparelho de Estado da Coreia do Norte. Dentro de três ou quatro anos nós não iremos, provavelmente, ver nas fotos coletivas da direção norte-coreana nenhuma das caras bastante conhecidas, excetuando a cara do próprio Kim Jong-un, claro.

Essa purga do velho aparelho representa um passo indispensável, sem o qual Kim Jong-un não poderá colocar em prática a linha política que ele considera adequada. O tempo dirá qual será essa linha, mas é completamente evidente que ela será posta em prática por pessoas diferentes, provavelmente da faixa etária do próprio Kim Jong-un.

Fonte: Voz da Rússia

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