Militantes, familiares e amigos reuniram-se nesta quarta-feira (4) ao redor do monumento que marca o assassinato do guerrilheiro Carlos Marighella ocorrido há 46 anos, na Alameda Casa Branca, no Jardim América, zona oeste paulistana.
Clara Charf, companheira do guerrilheiro, emocionou-se durante a cerimônia. “Imaginar que em um dia feio como hoje, chuvoso, pessoas de diferentes idades viriam aqui falar dos ideais de Marighella”, disse.
Clara contou que uma das grandes lutas do líder era da resistência contra a ditadura foi a defesa da liberdade de expressão. “Marighella lutou pela liberdade em todos os sentidos. Sempre batalhou para que as pessoas se expressassem”, afirmou.
O baiano Carlos Marighella iniciou a militância aos 18 anos, quando se filiou ao Partido Comunista Brasileiro. Preso em 1936, durante a ditadura de Getúlio Vargas, foi eleito deputado federal constituinte em 1946 e, no ano seguinte, teve o mandato cassado. Quase 20 anos depois, foi preso pela Delegacia de Ordem Política e Social (Dops). Em 1968, fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo armado de resistência à ditadura. No dia 4 de novembro de 1969 forças da ditadura militar fuzilavam, em uma emboscada liderada pelo delegado-torturador Sérgio Paranhos Fleury.
Homenagem
O historiador Fernando Garcia, da Fundação Mauricio Grabois presente no ato de homenagem a Carlos Marighella lembrou que no local havia um monumento em homenagem ao revolucionário, “mas vândalos bem nutridos o destruíram”. Fernando contou ainda que enquanto amigos, familiares e militantes lembravam Mariguella, “era possível ouvir resmungos contra o ato das pessoas que passavam nos carros, dos transeuntes bem vestidos e das sacadas-ostentação que nos rodeavam”. Mas completou: “Emocionante foi o discurso de Clara Charf que aos 90 anos não perde o olhar e o sorriso de menina. Viva Marighela, sua luta e seu legado!”.
O advogado Aton Fon Filho, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização de resistência à ditadura comandada por Marighella, falou sobre o companheiro. “Era um homem que, além de se preocupar com a análise científica da realidade e da prática transformadora, tinha uma preocupação muito grande com as pessoas. Não digo apenas o coletivo, o social. Ele via também o indivíduo, as dores, o sofrimento, as alegrias e a felicidade de cada um”, contou sobre o guerrilheiro, que além de pegar em armas, fazia poesias e canções.
Além dos antigos companheiros de luta, estiveram presentes militantes jovens de movimentos sociais, como Olívia Carolino, que representou a Consulta Popular. “A gente sente uma responsabilidade muito grande de assumir esse legado e estar lado a lado desses companheiros, na luta”, ressaltou a ativista, que vê no líder uma figura inspiradora.
“O Marighella está na alegria de lutar, de se assumir como socialista, está no compromisso com a revolução brasileira, no amor pelo povo e na luta pela liberdade.”
Fonte: Agência Brasil
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