A greve dos
funcionários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que começou à
0h desta quinta-feira (13) provoca transtornos para os motoristas, que
enfrentaram desde cedo trânsito acima da média, e para os usuários de
transportes públicos, que precisaram lidar com lotação e confusões nos pontos
de ônibus e no metrô. Em algumas estações, como a Santo Amaro, na zona sul da
capital, a fila para embarcar nos ônibus chegava a 800 metros.
As linhas 9 - Esmeralda, 11 -
Coral e 12 - Safira estão completamente paralisadas. Até as 10h as linhas 11 e
12 operavam parcialmente, entre as estações Guaianases e Luz, e Manuel
Feio e Brás.
Não pararam os funcionários das
linhas 7 - Rubi e 10 - Turquesa.
Por volta das 9h, a CET
(Companhia de Engenharia de Tráfego) registrava lentidão acima da média: eram 116 km de filas, ou
13% do total das vias monitoradas. A média para o horário fica entre 11% e
7,5%. A marginal Tietê era a via mais congestionada, com 10,7 km de lentidão no
sentido Castelo Branco.
O rodízio municipal de veículos
foi suspenso durante todo o dia, e as multas referentes à violação serão
canceladas, segundo a CET.
Já o Metrô informou que irá
estender o horário da operação máxima em todas as linhas e também irá reforçar
o número de funcionários nas estações.
A SPTrans (São Paulo Transporte),
empresa responsável pelo transporte municipal, informou ainda que todos os 15
mil ônibus da cidade vão circular durante todo o dia para tentar evitar filas
nos pontos.
As filas enormes nos pontos de
ônibus no entorno da estação Guaianases, no extremo leste de São Paulo, e os
veículos que fazem a ligação intermunicipal estavam lotados.
"Eu demoro normalmente duas
horas para chegar em casa, mas hoje eu espero chegar até meio dia. E o pior é
que não tem ônibus para atender a demanda", afirma uma mulher que não quis
se identificar.
"É uma palhaçada, o trem só
funciona na capital", afirma o vigilante Antonio Amorim, 54, que mora em
Itaquaquecetuba (36 km da capital) e enfrentava uma longa espera na estação da
zona leste.
A maior parte dos passageiros só
soube da greve da CPTM hoje de manhã, quando chegaram à estação. Os usuários
reclamaram da falta de organização para pegar o ônibus. "Se não bastasse a
gente pagar caro na tarifa, ainda tem que aguentar uma coisa dessas. Está uma
bagunça isso aqui", disse a auxiliar administrativa Maria Gorete da Silva,
38. Ela havia saído de casa, no Capão Redondo, às 6h45. Apenas às 8h20
conseguiu pegar o Passe.
Reivindicações
da categoria
Na manhã desta
quarta, uma reunião de conciliação realizada no TRT (Tribunal Regional do
Trabalho), entre os trabalhadores da CPTM e representantes da empresa, terminou
sem acordo.
"Tentamos
negociar, mas a CPTM não colaborou. Não tivemos outra alternativa a não ser
decretar a greve", afirma Everson Craveiro, representante do Sindicato dos
Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Transporte de Passageiros da Zona
Sorocabana. Trabalhadores ligados ao Sindicato dos Ferroviários da Central do
Brasil também participam das negociações.
A categoria
reivindica reajuste de 6,77% (equivalente à inflação do período), mais 5% de
aumento real, pagamento de vale alimentação de R$ 200, vale refeição composto
por 24 cotas de R$ 25, e adicional de risco de vida de 30% ao pessoal que
trabalha em estações.
CPTM
diz que greve é "irresponsável"
Em nota, a CPTM
criticou a decisão, que considerou "irresponsável". "A direção
da CPTM ressalta que buscou todas as formas e alternativas no sentido de chegar
a um acordo com as entidades sindicais envolvidas e, assim sendo, espera que
seus empregados adotem postura responsável em favor da continuidade dos
serviços prestados à população", diz o comunicado.
A empresa afirma que
apresentou nova proposta de reajuste salarial de 8,56%, aumento de 20% no vale
refeição, que passaria de 22 para 24 cotas de R$ 23 por dia (R$ 552 ao mês),
além de substituição da cesta básica por vale alimentação no valor de R$ 100.
O TRT determinou que
os funcionários devem manter 100% da operação nos horários de pico, entre 6h e
9h e das 16h às 19h. Nos outros horários, 75% da operação deve ser mantida.
Caso não cumpra a ordem, os empregados poderão ser responsabilizados civil e
penalmente e terão de pagar multa de R$ 100 mil. "Como os sindicatos
não cumpriram a decisão, a CPTM acionará a Justiça". (Com Estadão
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