Manifestantes protestam em apoio aos atos contra Sérgio Cabral no Rio de Janeiro
Os manifestantes que gritaram palavras de ordem contra o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e os gastos públicos com a Jornada Mundial da Juventude percorreram entre a noite de sexta-feira (26) e a madrugada deste sábado (27) mais de 12 quilômetros por seis bairros da zona sul da cidade. A caminhada durou oito horas.
A distância é semelhante à que seria percorrida em Guaratiba (zona oeste) para que os peregrinos chegassem ao Campus Fidei, trajeto que acabou sendo cancelado e transferido para as ruas do centro da cidade.
Os manifestantes não tinham como intenção disputar com os fiéis distância de peregrinação, mas o percurso da noite de sexta-feira teve como claro objetivo atingir eventos da Jornada.
O protesto que começou com debate entre peregrinos e fiéis sobre gasto público na Jornada e provocou a interrupção brusca do show em Copacabana, terminou com peregrinos católicos conseguindo "expulsar" manifestantes de um show gospel na Lapa.
'PEREGRINAÇÃO MANIFESTANTE'
O protesto começou na estação de metrô Cardeal Arcoverde, a principal usada pelos fiéis para a chegada em Copcabana para o evento com o papa Francisco. No local, manifestantes e peregrinos discutiram sobre o gasto público no evento.
Com o crescimento da concentração da manifestação, voluntários da Jornada fizeram um cordão de isolamento entre os que participavam do protesto e os católicos que seguiam para a praia de Copacabana.
Os manifestantes, em seguida, seguiram para a praia, a fim de tentar se aproximar do palco. Peregrinos se assustaram com a movimentação do grupo abre-alas, formado por mascarados, e correram para sair da pista da avenida Princesa Isabel. Alguns rezaram a "Ave Maria" e o "Pai-Nosso".
Na praia, por duas vezes houve empurra-empurra. No primeiro momento, a chegada do grupo coincidiu com a saída de peregrinos. Todos ficaram apertados próximo a uma grade, momento no qual o repórter da Folha teve o celular furtado.
Logo em seguida, os manifestantes se aproximaram ainda mais do palco, pelo calçadão. Desta vez, policiais militares que acompanhavam desde o início a movimentação usaram cacetetes para evitar o avanço.
O grupo, então, conseguiu se aproximar do palco pela areia da praia. Mais uma vez, peregrinos corriam com medo dos manifestantes que se aproximavam. A chegada deles e as palavras de ordem fizeram com que o show fosse interrompido bruscamente.
Com o esvaziamento do bairro, os manifestantes caminharam pela orla até a altura do hotel Copacabana Palace. A concentração de peregrinos os atraiu e eles avançaram para a avenida Nossa Senhora de Copacabana.
Ali o grupo decidiu que esticaria o protesto até a casa do governador, no Leblon --um caminho inverso do percorrido ontem, com distância de 7,5 km. Mas, após andar algumas quadras, o grupo decidiu ir andando à Lapa, onde ocorria o festival Haleluya, ligado à Jornada.
"Vamos para lá por causa do evento da Jornada. O Leblon está vazio e assim o [Batalhão de] Choque joga bomba na gente", disse um manifestante.
No caminho, passaram pelos bairros de Botafogo, Flamengo e Glória. Já haviam protestado em Copacabana e no Leme. Ao passar em frente ao Hospital Copa D'Or, o momento mais inusitado. O grupo murmurou palavras de ordem contra Cabral para respeitar o silêncio exigido próximo a hospitais.
A chegada na Lapa reacendeu a tensão marcada na praia de Copacabana. O pagode gospel no palco do festival Halleluya animou os manifestantes, que dançavam em tom de zombaria. Mais uma vez, os peregrinos que notaram a aproximação correram para se afastar. Em determinado momento, o grupo se apresentava principalmente para um público de mascarados e manifestantes com cartazes com dizeres como "Fim da PM já!".
O alto som porém inibiu os manifestantes, que saíram da praça sob os Arcos da Lapa. Na saída, um pequeno confronto com policiais. O mesmo ocorreu na rua Riachuelo. Em nenhum momento, porém, foram lançadas bombas de gás lacrimogêneo ou caseiras.
Na esquina das ruas Mem de Sá e Gomes Freire, o grupo demonstrou cansaço. Alguma
s pessoas ainda tentaram estimular as cerca de 180 pessoas que permaneciam no local a seguir até a Central do Brasil. Mas eles desistiram aos gritos de "Amanhã vai ser maior!
Amanhã vai ser maior!"
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