Canções de Julio Iglesias e do ex-guitarrista dos Beatles, George Harrison, assim como a trilha sonora do filme "Laranja Mecânica", de Stanley Kubrick, eram usadas nos tempos de Pinochet para torturar presos políticos. Os esbirros da ditadura forçavam os opositores do regime a ouvir essa música no volume máximo durante horas a fio, procurando dessa maneira quebrar sua vontade.
A esse fato se referiu em seu estudo, publicado na véspera do 40º aniversário do golpe militar no Chile, Katia Chornik, da Universidade de Manchester. O chefe do departamento de Psicologia Forense da Universidade de Psicologia Pedagógica de Moscou, Serguei Enikolopov, falou à Voz da Rússia sobre o mecanismo de ação da tortura musical.
“O nosso ouvido está organizado de tal forma que diferentes frequências atuam sobre ele de forma diferente. Há frequências que provocam um fortíssimo desconforto. Em segundo lugar, os sons muito fortes, um alto nível de decibéis, para além do ouvido, estressam também o cérebro. Em terceiro lugar, há também ritmos musicais que podem ser insuportáveis. Todas as três modalidades de ação sobre o cérebro e, através deste, sobre o sistema nervoso do ser humano são usadas bastante amiúde na tortura.”
Pode parecer que a escolha das músicas de Julio Iglesias e George Harrison na qualidade de instrumentos de tortura é assaz estranha. Os dois intérpretes não se associam de maneira alguma com a violência, suas canções são agradáveis ao ouvido de qualquer pessoa. Não obstante, como esclareceu Serguei Enikolopov, esses cantores foram escolhidos com premeditação e propósito especial.
“Muitas vezes, e assim procediam não só os chilenos mas também, por exemplo, os argentinos, a música era usada para gerar no preso uma sensação de perda de algo agradável, romântico, lírico. Ao forçar uma pessoa a escutar a música desse tipo, fazem-lhe lembrar que ela está presa e nunca mais retornará à boa vida de outrora.”
Poderia parecer que tais métodos de tortura musical teriam ficado no passado, junto com líderes odiosos de regimes autoritários. Na realidade, porém, tudo é diferente. Os americanos continuam usando a música para esmagar a vontade de seus inimigos. É sabido que durante a campanha no Afeganistão, ao iniciar os ataques, eles punham hard rock no volume máximo a fim de atordoar os talibãs, que antes não tinham ouvido nada similar. Além do mais, os serviços secretos americanos torturaram com música os terroristas presos. E não só com rockmas também com rap. Foi composta inclusive uma parada musical de canções com as quais eram torturados os detidos nas prisões de Abu Ghraib e Guantánamo. Nessa lista estão os hits das bandas AC/DC, Aerosmith, Marilyn Manson, Metallica, dos rappers Dr. Dre e Eminem, bem como das cantoras populares Britney Spears e Christina Aguilera. Todos esses fatos muito dificilmente se compaginam com a ideia de luta pelos direitos humanos, diz Nikita Zagladin, diretor do Centro de Estudos Comparativos do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais.
“Em território dos Estados Unidos – e é por isso que eles instalam essas prisões fora de seu território – são observadas determinadas normas concernentes aos direitos do prisioneiro. Por torturar, ali podem impor sanções e punir. Mas, fora do território dos EUA, por exemplo, em Guantánamo ou nas prisões secretas na Europa do Leste, eles podem aplicar esses métodos sem recear as leis americanas.”
É de acrescentar que há alguns músicos que gostam que suas obras se tornem instrumento de tortura. Assim, o baterista da banda Deicide, Steve Asheim, disse que os terroristas presos “não são alunos de escola dominical” e, portanto, devem ser capazes de aguentar firmemente os efeitos da música alta. Contudo, essa posição é uma exceção. A maioria dos músicos pronuncia-se contra a tortura musical. Por exemplo, o líder da banda Metallica, James Hetfield, brincou uma vez dizendo que ele e seus companheiros ao longo de muitos anos atormentavam com sua música os parentes e amigos e por que não atormentar com ela agora os iraquianos? Não obstante, mais tarde a Metallica exigiu que o Pentágono não usasse sua música durante interrogatórios.
Fonte: Voz da Rússia
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