Os índios recém contactados na fronteira entre o estado brasileiro do Acre e o território peruano se tornam um assunto de importância internacional. Em uma coletiva em Brasília, a presidente da FUNAI informou sobre a implementação de um acordo internacional com o Peru que visa estabelecer as causas de atos de violência que fizeram um grupo de índios isolados procurar contato no território brasileiro.
Em junho deste ano, ocorreu um encontro importante entre um grupo de indígenas isolados, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e representantes de uma comunidade indígena. Os índios desconhecidos, segundo os dados obtidos, vieram do Peru, onde podem ter sido sujeitos à violência por “não índios”, segundo depoimento da FUNAI.
No decurso do contato, que ocorreu desde o dia 27 de junho, uma parte dos índios recentemente contactados padeceu gripe e foi-lhes administrado remédio. Não sem conversa, afirmam os integrantes da missão da FUNAI. Os intérpretes da etnia ashaninka, moradores da aldeia Simpatia, foram os que conversavam com o “povo do rio Xinane” (nome com o qual se conhece o grupo contactado), conseguiram convencer os nômades que era necessário tomar remédio e que não era algo mau.
Segundo informações da FUNAI, contactada pela Voz da Rússia, os índios não correm atualmente nenhum perigo de disseminação da doença.
A Fundação, agora, vai reativar de maneira permanente a Base Xinane da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) para determinar as possíveis ameaças que correm as vidas e os territórios dos indígenas. As ameaças podem até ser internacionais.
Os relatos de atos de violência sofridos pelos indígenas no Peru viabilizam as medidas “que buscam averiguar os fatos relatados e programar um plano de ação no âmbito de Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a FUNAI e o governo peruano em março deste ano, com vistas à proteção dos povos indígenas isolados transfronteiriços e ao monitoramento territorial na região”, segundo o depoimento da FUNAI.
Agora entrou em vigor a fase de intervenção do Plano de Contingência para Situações de Contato, que prevê “diminuir o impacto do contato”. Principalmente, isso significa atendimento à saúde deste grupo “de forma imediata, eficaz e preventiva” e também estabelecimento de uma “relação de confiança entre os servidores, os povos vizinhos e os isolados”.
Coletiva na FUNAI
Em 12 de agosto, na sede da FUNAI, em Brasília, aconteceu uma coletiva de imprensa sobre os índios isolados, da qual participaram a presidente da Fundação, Maria Augusta Assirati, o coordenador-gera l de Índios Isolados e Recém Contactados, Carlos Travassos, o coordenador de Proteção e Localização de Índios Isolados, Leonardo Lenin, e a diretora do Departamento de Atenção à Saúde Indígena da Secretaria Especial da Saúde Indígena (SESAI), Danielle Cavalcante.
O encontro foi dedicado à situação dos índios contactados no Acre e os assuntos e desafios atuais da FUNAI. A íntegra do vídeo pode ser acessada através do site da FUNAI.
O primeiro tema abordado foi o problema do contato. Hoje, a Fundação Nacional do Índio trabalha sob a premissa de não contato. A ideia é deixar os índios escolherem o seu próprio modo de viver, sem levá-los de vez à sociedade brasileira.
Segundo Leonardo Lenin, existem três situações de contato, a primeira delas sendo contato com grupos do seu entorno ou com a FUNAI desejado e estabelecido pelos próprios indígenas isolados. Na segunda situação, o contato é provocado por comunidades do entorno. A iniciativa do contato vem da FUNAI mesmo só em caso de intervenção necessária para garantir a sobrevivência dos grupos de indígenas isolados. Segundo Lenin, tais casos são raros e “excepcionais, tendo acontecido a última vez em 2007.
Carlos Travassos, que tinha estado no local com os índios isolados perto da aldeia Simpatia, comentou que esse caso foi da situação do primeiro tipo, já que foram os próprios índios que manifestaram a vontade de contato. O especialista destacou o papel dos índios da etnia ashaninka, que habitam a aldeia Simpatia, que avisaram a FUNAI e ajudaram a estabelecer o contato, criando uma atmosfera pacífica e livre de conflito possível.
Segundo Travassos, o contato é muito importante inclusive para os brasileiros conhecerem o Brasil: “Eles passam a conhecer a nossa sociedade, e a gente passa a conhecer um pouco a sociedade deles”, disse o especialista. Depois, ele especificou várias das diferenças das sociedades, por exemplo, os indígenas desconhecem a noção de propriedade. Talvez isso possa ter sido a causa dos atos de violência e “pressão” relatados: os índios podem pegar em objetos e levá-los embora sem avisar aos que eles pertenciam.
As causas das pressões supostamente praticadas contra o grupo agora estão sendo investigadas em conjunto com o governo peruano. A presidente da FUNAI destaca que ainda não se pode afirmar com certeza que os índios foram sujeitos a atos de violência no lado peruano da fronteira, porém os territórios indígenas situados no lado brasileiro estão sendo “frequentemente” monitorados, o que reduz consideravelment e a possibilidade de ataques. O trabalho agora é “intensificar as relações internacionais” para investigar este caso, que afeta o território monitorado também pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Já Danielle Cavalcante, da SESAI, afirma que os indígenas não correm risco de contrair doenças contra as quais não possuem imunidade.
Carlos Travassos ainda afirmou que não se conhece o número exato de índios pertencente ao grupo descoberto, devido à premissa de não contato. O primeiro contato envolvia sete indivíduos.
A região amazônica é um conjunto de territórios que hospeda pelo menos 26 grupos confirmados de índios isolados do lado brasileiro. É um desafio importante para a sociedade e para o Estado garantir a possibilidade de preservar o modo de viver tradicional e próprio aos indígenas, para que eles possam escolher o que eles querem ser. E isso é todo um conjunto de ações, que incluem também a proteção do meio ambiente e a prevenção de possíveis perigos, como atividades de madeireiros ilegais.
Fonte: Voz da Rússia
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