quinta-feira, 16 de julho de 2015

BRASIL: ESTUDANTES DE COMUNIDADES TRADICIONAIS CONSTROEM ARPILLERAS


O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) levou a metodologia de trabalho com as arpilleras para dentro da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus de Altamira. O Movimento foi convidado a dar uma oficina para uma turma de estudantes do curso de graduação em Enodesenvolvimento, voltado para povos indígenas e comunidades tradicionais.

As mulheres do MAB vem utilizando a técnica em todo o Brasil como forma de denúncia das violações de direitos na vida das mulheres na construção de barragens. A arpillera, técnica de costura de retalhos sobre juta, tem origem no Chile, onde as mulheres utilizaram como forma de resistência contra a ditadura militar.

Na UFPA foram produzidas seis arpilleras coletivamente pelos diferentes grupos de pertença que participam do curso de Etnodesenvolvimento: indígenas aldeados e da cidade, quilombolas, extrativistas, pequenos agricultores e pescadores de diversas regiões da Amazônia.

As arpilleras retrataram problemas como: discriminação contra os povos indígenas, carência de políticas públicas, grilagem de terra, desmatamento, extinção da pesca, abandono do Estado, entre outros. As violações expressas pelos participantes refletiram tanto problemas históricos da Amazônia quanto violações provocadas pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, como a má qualidade do “reassentamento” e a interrupção da pesca.

“A oficina foi muito boa porque nós podemos ver que somos de etnias diferentes, mas os problemas que nos afetam tem elos comuns”, afirmou a estudante Lindiara Souza, da comunidade quilombola Boa Vista Salvaterra.

A oficina foi parte da disciplina História dos Direitos Humanos, ministrada pelos professores Assis Oliveira e Paula Arruda. “A idéia foi utilizar essa forma de produção artística para trabalhar as violações ao mesmo tempo problematizando como intervir para mudar esse quadro”, afirmou Assis.

Paula destacou a importância da técnica ser utilizada na universidade: “A metodologia utilizada pelo MAB subverte aquela utilizada no ensino formal, em que você tem o professor acima dos alunos, e proporciona uma troca de saberes na construção do conhecimento.”


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