Piotr Poroshenko, dono de um império de confeitaria, lidera firmemente nas eleições presidenciais na Ucrânia, decorridas no domingo passado. Segundo os dados da Comissão Eleitoral Central (CEC), Poroshenko reuniu cerca de 54% dos votos de eleitores, ou seja está vencendo já no primeiro turno, embora muitos duvidem da legitimidade das presidenciais acompanhadas de explosões e descargas de fuzis.
Poroshenko festeja a vitória. Embora a CEC tenha tempo para contar os votos até 4 de junho, para o próprio candidato, ao que tudo indica, tudo está claro. Desde o início da campanha, a mídia ucraniana e ocidental qualificou o “rei do chocolate” como pretendente principal ao posto de líder da Ucrânia. Julgando pela declaração de Barack Obama de que ele se entenderá com o novo colega, os trabalhos da Casa Branca de construção de mais um “paraíso democrático” prosseguem em geral segundo o plano.
Alguns fatores, contudo, afligem o idílio democrático. Yulia Tymoshenko, por exemplo, que se atrasou de Piotr Poroshenko por uns 40%, havia declarado ainda antes das eleições: o seu partido Batkivschina (Pátria) irá reconhecer só um resultado das presidenciais – a vitória da própria Yulia. No caso contrário, o país terá novos protestos. Agora, por cima da Ucrânia, vislumbra um fantasma de nova revolução, considera Alexander Kofman, representante do Movimento Social do Sudeste (da Ucrânia):
“Não afirmo que em 100 %, mas a probabilidade é máxima. Yulia Tymoshenko, reforçada pelo Setor de Direita, declara que no caso da derrota nas eleições tomará o poder pela força. Apesar de essas presidenciais serem em princípio uma farsa, elas correm o risco de transformar-se numa tragédia, quando o presidente ilegitimamente eleito Poroshenko for derrotado por Tymoshenko, ilegitimamente não eleita”.
Possivelmente, Yulia Tymoshenko tentará organizar a “terceira Maidan”, mas não será fácil para ela levantar o povo mais uma vez, considera Viktor Kuvaldin, politólogo e doutor em ciências históricas:
“As pessoas estão cansadas e querem tranquilidade. Ao mesmo tempo, as forças que apoiavam a Maidan são divididas. A meu ver, será difícil levantar em tais condições Kiev, o Centro da Ucrânia e mesmo o Ocidente do país. Yarosh pode ameaçar quanto quiser, mas ele obteve apenas cerca de 1% dos votos. Está claro que os seus combatentes não irão mover-se sem apoio político”.
O próprio espetáculo eleitoral provoca muitas perguntas. São raros os casos na história contemporânea quando as eleições de um chefe de Estado decorrem em condições de guerra contra o seu próprio povo. Foi costume na Europa medieval em que uma parte do povo coroava seu líder e já sob a sua orientação atenciosa acabava com a parte restante.
O problema principal das atuais presidenciais é o fato de elas não terem decorrido em todo o país. O Sudeste, parte considerável da Ucrânia, decidiu não participar da farsa. Na região foi proclamado um novo Estado – a Novorossiya que Kiev não reconhece e tenta devolvê-la com a ajuda de tanques, helicópteros, lança-minas e outros armamentos.
A contagem de votos nas eleições também parece duvidosa. É sintomático que quase imediatamente após o encerramento de mesas de votação no site da CEC apareceu um gráfico mostrando que o líder do Setor de Direita, Dmitri Yarosh, havia ultrapassado todos os pretendentes com uma enorme diferença. Mas, passado um par de horas, este estranho gráfico foi retirado do site.
Os números publicados mais tarde também surpreendem, aponta um politólogo, Igor Shishkin:
“Os protestos decorriam sob lemas contra oligarcas. Mas após a chamada “revolução do Maidan” o povo corre unanimemente a votar a favor do oligarca Poroshenko com um resultado de mais de 50%. Isso dá vontade de rir”.
Contudo, como quer que seja, Moscou terá de estabelecer um diálogo com o novo poder, considera o deputado da Duma de Estado da Rússia Viacheslav Nikonov. Em suas palavras, a figura de Poroshenko será legítima para o Ocidente e uma parte da população ucraniana, embora sejam duvidosos mesmo os dados sobre a participação de eleitores (votaram alegadamente 60%) em condições quando quase uma metade do país renunciou às presidenciais. Também, do ponto de vista do Sudeste da Ucrânia e da Rússia, é duvidosa a legitimidade do futuro poder. Mas será necessário negociar com este poder em prol da solução da crise ucraniana.
Fonte: Voz da Rússia
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