A “revolução das tulipas” aconteceu no Quirguistão há nove anos, mas suas repercussões sentem-se ainda agora. O país não conseguiu ultrapassar a crise econômica e política.
Em março de 2005, o presidente do Quirguistão, Askar Akaev, abandonou o país e escondeu-se no Cazaquistão, onde escreveu um pedido de demissão e seu lugar foi ocupado por um político oposicionista, Kurmanbek Bakiev. Tal desenvolvimento de acontecimentos foi causado por numerosas manifestações de milhares de pessoas que culminaram rapidamente em distúrbios. Agitações de descontentes com resultados das parlamentares começaram em regiões meridionais do Quirguistão e alastraram-se em breve para todo o país. Os protestos decorriam no pano de fundo da atividade inédita da embaixada americana e de numerosas organizações não-governamentais, financiadas no exterior. É pouco provável que esta revolução, terceira após a Geórgia e Ucrânia, fosse possível sem uma séria influência externa, considera Andrei Grozin, perito do Instituto de Países da CEI:
“O embaixador dos EUA visitava muitas regiões do país, contatava líderes da oposição, organizava encontros com eles. Sabe-se que naqueles encontros falou-se abertamente que o regime político de Akaev se havia tornado obsoleto, devendo ser mudado para começar uma nova etapa de desenvolvimento “democrático”. Os americanos participavam diretamente do processo político que levou à troca do poder. Volantes oposicionistas eram impressos na base aérea americana em Manas no Quirguistão”.
Apesar de, até agora, não haver uma opinião unânime sobre o grau de intervenção na situação, é praticamente impossível negar esse fato. Além de técnicas já experimentadas, no Quirguistão foi utilizado um mecanismo relativamente novo: a mobilização de “massas” revolucionárias através de redes sociais. A experiência deu efeito. Os esforços de tecnólogos políticos do Ocidente encontraram solo fértil. Forças externas aproveitaram-se da situação tradicionalmente tensa no país, diz o vice-presidente do Centro de Comunicações Estratégicas, Dmitri Abzalov:
“Esta situação está ligada à divisão do país em duas partes: o Norte e o Sul. Nomeadamente esta cisão foi utilizada para alterar o sistema político ou, mais exatamente, a direção política. Tal, no entanto, como mostra a prática dos últimos anos, não deu um efeito significativo. Apesar de todas as exigências, o centro de trânsito em Manas foi encerrado e o Quirguistão espera ser admitido na União Alfandegária. Relações socioeconômicas prevaleceram sobre ações políticas. Esta é uma prova da instabilidade dos existentes regimes, porque, ao que tudo indica, recuaram praticamente todas as revoluções que ocorreram no país”.
As ações do Ocidente voltadas para aquecer os ânimos revolucionários agravaram esta contraposição eterna. Em vez de formar um novo sistema político, o representante do Norte, Askar Akaev, foi simplesmente substituído por um representante do Sul, Kurmanbek Bakiev. Possivelmente, os patrões daquela revolução esperavam ver no posto de presidente um “bom rapaz” com cuja ajuda seria possível retirar o Quirguistão da órbita russa e desdobrar no país uma rede de bases americanas. Akaev não satisfazia Washington por muitas razões, considera Andrei Grozin:
“Akaev analisava seriamente a possibilidade de encerrar a base aérea dos EUA. Além disso, destaque-se que um mês antes da derrubada de Akaev, os Estados Unidos se dirigiram a Bishkek solicitando instalar na base aérea não apenas aviões-tanques, mas também sistemas de controle distante por radares. O Quirguistão, como membro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, recusou o pedido. Passado um mês após a recusa, o poder de Akaev foi derrubado. Possivelmente, foi uma coincidência, mas tais casos são raros na política”.
O novo presidente Kurmanbek Bakiev não se tornou um novo Saakashvili, enquanto o sistema político formado no Quirguistão resultou ser muito instável. O novo chefe de Estado foi derrotado já em 2010 segundo o mesmo cenário e não se sabe quantas vezes tal situação pode repetir-se. O gênio já foi solto da garrafa, mostrando que cada um é capaz de trocar presidentes a seu próprio critério.
Fonte: Voz da Rússia
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