O ex-presidente cubano Fidel Castro criticou nesta quarta-feira um jornal russo que noticiou que Cuba teria cedido a pressões dos EUA e se recusado a receber o fugitivo norte-americano Edward Snowden. Fidel, que em 2006 entregou o poder a seu irmão Raúl, raramente é visto ou ouvido em público atualmente, mas eventualmente ainda publica artigos na imprensa estatal.
Num desses textos, abordando uma grande variedade de assuntos - das crises na Síria e Egito ao uso de robôs em atividades policiais, passando pelo caso Snowden -, Fidel disse que a reportagem publicada na segunda-feira pelo jornal Kommersant constitui uma "mentira" e "calúnia".
Snowden, ex-técnico de inteligência dos EUA, recebeu asilo na Rússia depois de revelar programas secretos de monitoramento de comunicações telefônicas e digitais. Os EUA gostariam que ele fosse devolvido ao país para ser julgado por traição.
Antes de receber asilo temporário, Snowden passou várias semanas num limbo jurídico no aeroporto internacional de Moscou, à espera de tentar embarcar para algum país latino-americano que o recebesse. Nesse período, chegou a ser dado como certo que ele viajaria de Moscou para Havana, o que não ocorreu. O Kommersant disse que o embarque foi abortado porque Havana teria cedido à pressão de Washington.
Em seu artigo, o veterano dirigente comunista louvou Snowden e criticou a espionagem americana. "É óbvio que os Estados Unidos sempre vão tentar pressionar Cuba, mas não é à toa que (Cuba) resiste e se defende sem trégua há 54 anos, e irá continuar a fazê-lo enquanto for necessário", afirmou Fidel, 83 anos, que comandou a revolução de 1959, que implantou o comunismo em Cuba.
Segundo Fidel, o Kommersant é conhecido por ser um jornal "contrarrevolucionário" e "mercenário". "Admiro as declarações justas e corajosas de Snowden", escreveu Fidel. "Na minha opinião, ele prestou um serviço ao mundo ao revelar a política repugnantemente desonesta do império poderoso, que está mentindo e enganando o mundo."
Fidel não explicou, no entanto, por que Snowden deixou de embarcar no voo da Aeroflot de Moscou para Havana, em 23 de julho, apesar de ter até assento marcado.
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