Após meses batendo na tecla do impeachment de Dilma Rousseff, o ex-presidenciável derrotado nas últimas eleições, Aécio Neves, decidiu recuar: "não é agenda para agora". Mudança de discurso ocorre depois que parecer pedido pelo próprio PSDB ao jurista Miguel Reale Júnior admite que não há indícios suficientes para entrar com a ação
O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, recebeu nesta quarta-feira, de Miguel Reale Junior, que foi ministro da Justiça do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um parecer recomendando que a legenda desista de pedir no Congresso Nacional a abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Reale Jr. fora destacado pelo PSDB para elaborar um parecer jurídico sobre as acusações contra Dilma, mas informou o partido de que não há elementos para sustentar a remoção do governo.
A estratégia apresentada pelo jurista é entrar com um pedido de ação penal contra a presidente no Ministério Público Federal pelas pedaladas fiscais, manobra que consiste em atrasar repasses do Tesouro Nacional aos bancos federais para o pagamento de benefícios sociais.
Frustração
A opção escolhida pelo PSDB frustra a bancada do partido na Câmara, que pressionava a legenda por um pedido direto no Congresso. Essa tese perdeu força depois que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sinalizou que arquivaria o pedido.
Desde a reeleição de Dilma, os setores derrotados vêm ventilando a possibilidade do impeachment, o que deixou o PSDB dividido. Em novembro, Aécio disse que não havia fato para a remoção de Dilma. Em março, reafirmou a posição, dizendo que o impeachment não estava na agenda do PSDB.
Em abril, diante de movimentos anti-Dilma que foram para as ruas em 15 de março e 12 de abril, Aécio acatou a agenda desses grupos e aceitou fazer os pedidos de parecer jurídico sobre o impeachment. A decisão abriu um racha no PSDB.
Enquanto Aécio, Cássio Cunha Lima e Aloysio Nunes defendiam o impeachment, caciques tucanos como FHC, Alckmin e José Serra se colocaram contrários ao debate sobre o tema.
Fonte: CartaCapital
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