A Irlanda aprovou, na tarde deste sábado, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Com o resultado confirmado, o país, que tem forte tradição católica, se tornou o primeiro a legalizar a união por voto popular.
Uma multidão se reuniu no centro da capital Dublin para acompanhar a contagem dos votos - e casais começaram a celebrar e a se beijar à medida que os resultados mostravam a vitória do "sim".
Mais de 62% dos eleitores votaram a favor de uma mudan'ca constitucional para permitir que casais gays possam se casar.
Ativistas pró-casamento gay disseram que esse é um dia histórico para o país onde a homossexualidade era crime até 1993.
Políticos gays, incluindo ministros, que lideraram campanhas pela causa disseram que o resultado marca uma mudança de geração em um país que era conservador.
"Somos um pequeno país com uma grande mensagem para o mundo", disse o primeiro-ministro Enda Kenny.
Mais de 3,2 milhões de pessoas foram às urnas - muitos irlandeses que não moram no país voltaram só para participar da votação.
Segundo o correspondente da BBC na Irlanda Chris Bukler o clima no Castelo de Dublin, onde milhares de pessoas se reuniram para acompanhar a apuração, se parecia mais com o de um festival do que de um referendo.
Batalha
Representantes da campanha do "não" reconheceram a derrota no plebiscito.
O arcebispo católico de Dublin, Diarmuid Martin, disse que o referendo era uma afirmação dos jovens e que, agora, a igreja tem "uma imensa missão diante de si".
"Eu acho que a igreja precisa fazer uma revisão da realidade", disse o líder religioso.
"Eu fico feliz de ver como os gays e lésbicas estão se sentindo hoje, pelo fato de que isso seja algo que enriquece a maneira como vivem. Eu acho que é uma revolução social."
David Quinn, do Instituto Iona, um grupo católico, disse que foi "obviamente uma vitória muito impressionante do 'sim'".
País pode ser o primeiro no mundo a aprovar casamento gay por voto popular
"Obviamente há um certo grau de decepção, mas sou filosófico sobre o resultado", disse ele ao canal irlandês RTE.
"Era uma batalha difícil - havia muito menos organizações no lado do 'não', enquanto todos os grandes partidos políticos apoiavam o 'sim' etivemos grandes corporações vindo a público pela primeira vez para dizer como deveríamos votar em um assunto particular", afirmou.
Avalanche
O ministro da Igualdade, Aodhan O Riordain, disse no Twitter: "É isso. Urnas chaves já foram abertas. Deu sim. E foi uma avalanche em Dublin. Estou tão orgulhoso de ser irlandês hoje."
O ministro da Saúde, Leo Varadkar, que no início do ano foi o primeiro ministro na história da Irlanda a se assumir abertamente como gay, disse que a campanha foi "quase uma revolução social".
Nas urnas, os eleitores tiveram que responder se concordavam com a frase "O casamento pode ser contraído de acordo com a lei por duas pessoas, sem distinção do seu sexo".
Contagem dos votos foi iniciada na manhã de sábado
Em 2010, o governo aprovou uma lei de união civil que deu reconhecimento legal a casais gays.
Mas há diferenças entre união civil e casamento. A principal delas é que o casamento é protegido pela Constituição, enquanto a união civil não é.
Na Irlanda, qualquer emenda constitucional tem de ser aprovada pelo Parlamento e levada à votação popular.
Igreja
Mesmo com a medida aprovada, as igrejas católicas ainda vão poder decidir se celebram este tipo de casamento.
O líder da Igreja Católica na Irlanda, Eamon Martin, disse que a igreja poderá analisar se continuará a fazer a parte civil da cerimônia se a mudança for aceita.
Atualmente, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal em 20 países do mundo, inclusive no Brasil.
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