quarta-feira, 10 de junho de 2015

BRASIL: LULA E CRISTINA RETOMAM CONSENSO DE BUENOS AIRES


Lula e Cristina demonstram vontade de preservar a aliança entre Brasil e Argentina, cuja base começou a se formar em outubro de 2003.

Doze anos após lançar o “Consenso de Buenos Aires”, Luiz Inácio Lula da Silva manteve uma longa reunião com a presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner.

“Hoje, quem vai falar muito será o Messi” declarou um sorridente Lula no sábado, após o encontro com Cristina em Roma, pouco depois da final da Liga dos Campeões, onde o Barcelona venceu a Juventus por 3 a 1.

Antes de falar com Cristina, Lula encontrara-se com o premiê italiano Mateo Renzi, de centro-esquerda, que o recebeu com deferência especial, ao lhe oferecer um almoço no Palácio Chigi, sede do governo.

O partido Forza Italia, legenda direitista a qual pertence o magnata televisivo e ex-premiê Silvio Berlusconi, criticou a visita do líder histórico do PT.

Durante sua passagem por Roma, Lula pronunciou o discurso de abertura das sessões da FAO, a agência da ONU para a alimentação, entidade onde o brasileiro José Graziano – um dos responsáveis pelo programa brasileiro Fome Zero – foi eleito para um novo mandato.

Com sua tradicional gravata verde, amarela e azul, usada em vários eventos internacionais durante seus oito anos no Palácio do Planalto, Lula mencionou as batalhas que enfrentou como governante para implantar o programa Bolsa Família. "O maior obstáculo foi o preconceito das elites e da imprensa dominante", lembrou.

Consolidar a aliança progressista
O Ministério de Relações Exteriores da Argentina informou que, durante o encontro de sábado, Lula e Cristina analisaram a agenda bilateral e o quadro de situação da região.
Conversaram, certamente, sobre as várias tormentas que ameaçamo os governos progressistas.

Em janeiro, enquanto a direita brasileira alimentava a campanha pelo impeachment contra Dilma Rousseff, houve outra igualmente agressiva na Argentina, para debilitar Cristina, aproveitando o caso da morte de um promotor que recebia ordens dos Estados Unidos e de Israel.

Paralelamente a isso, a escalada para derrubar o presidente Nicolás Maduro continuava na Venezuela.

Na semana passada os setores da ultradireita venezuelana, derrotados recentemente nas eleições primárias (vencidas pelo conservador Henrique Capriles), voltaram a se mobilizar em Caracas, exigindo a liberdade de Leopoldo López.

Ao contrário do que é (des)informado pelo canal CNN e o diário Miami Herald, Leopoldo López não é um “preso político vítima da ditadura bolivariana”. López – cuja esposa foi recebida por FHC e Aécio Neves, num encontro em maio –, está preso por ter sido o idealizador de uma frente de oposição baseada em ações de sabotagem e violência armada durante os protestos de 2014, que deixaram 43 pessoas mortas.

Os ventos de instabilidade que sopram em vários países vizinhos preocupam Lula.

O ex-presidente teve uma agenda de contatos internacionais nas últimas semanas: encontrou-se com o presidente boliviano Evo Morales e o secretário-geral da Unasul, o ex-mandatário colombiano Ernesto Samper.

Duas semanas atrás, quando realizou palestra num evento copatrocinado pelo Instituto que leva seu nome, Lula falou sobre o perigo de o continente viva um novo ciclo conservador (similar ao que imperou durante os anos do Consenso de Washington) e recomendou mais articulação entre os líderes sul-americanos.

O encontro entre Lula e Cristina mostrou a vontade destes líderes de trabalhar conjuntamente contra os inimigos que parecem estar dispostos a todo tipo de ação para abortar as experiências de mudança que ocorrem na América do Sul.

A conversa entre ambos se prolongou por uma hora e meia, mais do que o previsto pelos organizadores.

Ao finalizar o encontro, os dois deram um forte abraço, registrado pelos fotógrafos e cinegrafistas que esperavam na saída do Salão Ludovisi, no primeiro andar do hotel romano Eden.

Como se sabe, na diplomacia presidencial os sinais contam muito.

O gesto fraternal entre Lula e Cristina demonstra a vontade de preservar a aliança entre Brasil e Argentina, cuja base começou a se formar em outubro de 2003 – quando Lula e Néstor Kirchner assinaram o Consenso de Buenos Aires –, e que passa a ter agora uma injeção extra de energia.

Conscientes de que a América do Sul iniciava um novo ciclo histórico, os dois então presidentes se esmeraram em demostrar com palavras e gestos que esse processo de entendimento estava surgindo e era de longo prazo.

Para confirmar a aliança, eles viajaram juntos para a remota Patagônia, onde visitaram as majestosas geleiras de El Calafate, próximas ao Lago Argentino.

Durante essa viagem, concordaram em reformar o Mercosul e estabelecer as bases dos acordos de matriz política, a semente da qual germinaria a Unasul.

Em 2003, Lula e Kirchner defenderam a necessidade de combater a pobreza, recordaram a amizade entre Getúlio Vargas e Juan Domingo Perón nos anos 50, ferozmente atacada pela imprensa da época, além dos papos de torcedores de futebol, fanáticos pelo Corinthians e pelo Racing, respectivamente.

Estavam enterrando o conceito de um Mercosul de matriz neoliberal, herança da sociedade forjada nos Anos 90 por Fernando Henrique Cardoso e Carlos Menem, ambos seguidores assíduos da receita do Consenso de Washington.

Um paradigma econocentrista que as novas forças de direita da região – forças políticas, econômicas e mediáticas – pretendem desenterrar.

Seu objetivo é neutralizar a capacidade política da Unasul e reduzir o Mercosul a uma área de livre comércio através da eliminação da tarifa externa comum e da cláusula que exige o aval de seus cinco membros para que um país assine tratados com outros blocos.

Fonte: Carta Maior

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