Policiais civis do Rio de Janeiro preparam uma série de manifestações durante a paralisação nacional de 24 horas programada para esta quarta-feira (21). A primeira ocorreu pela manhã em frente à sede da Polícia Civil, na Lapa, centro do Rio, com pouca adesão. O presidente do Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis do Rio de Janeiro), Fernando Bandeira, afirmou, no entanto, que 60% do efetivo estão em greve e percorrem delegacias do Estado para fortalecer o movimento. A partir das 14h, está marcada uma mobilização na Cidade da Polícia, em Benfica, zona norte, e às 19h a categoria deve ser reunir na Tijuca, também zona norte, para decidir os rumos da greve.
Dentre os itens da pauta de reivindicações estão, plano de saúde, reajuste de 100% do tíquete alimentação e do vale-transporte, criação de um plano de cargos e salários, incorporação das gratificações e reajuste de 50% no piso dos agentes para diminuir a discrepância com os vencimentos de delegados. Segundo Bandeira, dos cerca de 11 mil policiais, mais de 90% são policiais civis que ganham entre R$ 800 e R$ 900, sem as gratificações. Menos de 10% são delegados e ganham em torno de R$ 20 mil.
"O salário só vai a R$1,5 mil com as gratificações e aumenta um pouquinho mais nas Delegacias Legais na Core [Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais]. Então é um jogo de salário de acordo com o local onde se está trabalhando," declarou o sindicalista. "Os policiais ficam com medo do delegado titular tirá-los de onde estão e eles perderem a gratificação. Isso cria até divisão entre nós."
Ainda segundo Bandeira, cerca de 20% dos agentes têm mais de 60 anos e não se aposentam para não perderem a gratificação. O sindicalista explicou que os agentes em serviço farão operação tartaruga e vão atender somente flagrantes e casos graves como homicídios, latrocínios, assaltos, estupros e danos ao patrimônio público e privado.
A Chefia de Polícia Civil informou que mantém diálogo aberto com os representantes da categoria e que as negociações estão em andamento. A instituição garantiu que está monitorando o funcionamento de todas as delegacias do estado para adotar medidas necessárias para o bom atendimento à população. O órgão informou também que o cidadão pode pré-agendar o registro de ocorrência pela internet pelo site. Apenas crimes de roubo de carro e homicídio não podem ser pré-registrados.
Bandeira disse que se até o início da Copa do Mundo, o governo do estado não tiver aberto um caminho de diálogo, os policiais civis podem fechar os braços durante o evento.
"Queremos evitar problemas com o estado e com a Copa do Mundo e com o Brasil. Passaram-se dois anos e não se resolveu nada e 2014 é um ano importante de eleições", comentou ao explicar que a pauta de reivindicações foi apresentada ao governo em 2012 e até hoje o sindicato não obteve resposta.
O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, classificou a paralisação de policiais civis em dez Estados brasileiros e no Distrito Federal como "ostensivamente" ilegal. Segundo ele, a realização de greve por parte de qualquer uma das polícias, incluindo a Civil, é vedada por lei. Adams afirmou ainda que a Advocacia Geral da União, que defende os interesses da União, já entrou com liminares na Justiça contestando as paralisações.
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