Nem PSDB, muito menos DEM. As armas da oposição são seus homens na Justiça, sua mídia de bico amarelo e os protestos da direita raivosa.
FHC fez, recentemente (dia 10), mais uma de suas palestras remuneradas.
Embora fosse um evento sobre comércio eletrônico (O Vtex Day 2015, http://www.vtexday.com/) , alguém deu uma forcinha para patrocinar o oposicionismo do ex-presidente.
A palestra que o dinheiro pode comprar foi dada em evento patrocinado por gigantes como o grupo Mercado Livre (bem apropriado, não?), Mastercard e Walmart.
A imprensa amiga de FHC, toda ela, omitiu o evento e apenas reproduziu a frase que parece ter sido tirada de um mesmo release. Veja, Estadão, O Globo, Folha, os Diários Associados e tantos outros candidamente "informaram" que FHC fez "palestra para empresários e trabalhadores do setor de tecnologia".
Será mesmo que algum trabalhador desse setor desembolsou R$ 850,00 para obter um dos ingressos VIP que davam acesso ao seleto grupo que ouviu FHC? Improvável.
A manchete quase unânime extraída de sua fala, que também parece copiada e colada do mesmo release, é a de que, para o ex-presidente, "Dilma perdeu capacidade de liderança e entregou o governo", pois deu a chave do cofre do governo a Joaquim Levy e a coordenação política a Michel Temer.
O homem que esqueceu-se do que escreveu parece ter se esquecido de como governou. FHC entregou a economia a Pedro Malan, que agia como czar da economia como nunca se viu desde a ditadura militar. E entregou o Banco Central a um funcionário de George Soros.
O ex-presidente também se notabilizou pela entrega dos ministérios ao rateio dos partidos, de forma tão desbragada que popularizou a expressão 'porteira fechada' - ou seja, você entrega a chave do ministério a um partido que nomeia e faz o que bem entender, sem ser incomodado pelo presidente da República.
A imprensa amiga, para variar, deixou escapar o essencial da fala de FHC: sua recomendação de que a oposição a Dilma deve ser terceirizada.
Nem PSDB, muito menos DEM. As armas da oposição são seus homens na Justiça, sua mídia de bico amarelo e os protestos convocados pela direita raivosa.
Verbis para o ex-presidente:
“Neste momento, a saída [quanto ao governo Dilma] passa pelos protestos de rua, pela Justiça funcionar e a mídia dizer o que está acontecendo.”
Fosse alguém da esquerda pronunciando a frase, seria acusado de produzir teoria da conspiração, pois todos os juízes do país são tão neutros quanto um sabão em pó; tão isentos quanto a mídia cartelizada; tão apartidários quanto os protestos que atraem Bolsonaro (que continua firme e forte no incorruptível Partido Progressista), Paulinho da Força e Agripino Maia.
Com uma oposição terceirizada, Aécio Neves pode continuar convocando gente para ir às ruas enquanto fica apenas acenando da janela de seu apartamento na Vieira Souto, desfrutando seu domingo.
(*) Antonio Lassance é cientista político.
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