Programa do Jô está sendo deslocado para ainda mais tarde na programação da Rede Globo. Apresentador protagonizou um debate político contra o impeachment de Dilma Rousseff e teceu duras críticas aos defensores do afastamento da atual presidente. Amanhã, seu programa só será exibido às 2h22
Os posicionamentos de Jô Soares diante do atual cenário político brasileiro estão surpreendendo até mesmo os seus interlocutores mais próximos. É possível que, com o avançar da maturidade e a independência artística e financeira conquistadas, o apresentador esteja sentindo-se mais à vontade para fugir de roteiros programados e não caminhar sempre ao lado do que reza a cartilha editorial dos seus empregadores. Nesta quinta-feira, 23, o programa do apresentador global só será exibido após as 2h da madrugada.
Na última semana, em um debate com a jornalista Ana Maria Tahan, Jô criticou os que defendem a tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Agora eu tenho muito medo dessa vitimização da presidente da República. Eu acho isso meio inconcebível”, disse Jô. “Em qual sentido?”, perguntou Ana Maria. “No sentido de que estão fazendo dela uma vítima de uma Eleição que foi absolutamente legítima”, respondeu o apresentador. “Me desculpa, Jô, mas ela está pagando pelos erros dela mesma”, retrucou a jornalista. “Mas isso vale o ‘Fora Dilma’?”, questionou o apresentador. “Jô, tem gente que pensa de toda forma. [O direito de] se manifestar está garantido pela Constituição”, respondeu em seguida.
Posteriormente, ela disse que “foi uma eleição também onde as pessoas perceberam que foram enganadas um mês depois no discurso. A presidente fez alhos e bugalhos. A conta de luz mais do que dobrou”. E ele rebateu novamente: “Ah, eu não acho. Todo mundo sabia o que ia acontecer. Uma jornalista tão bem informada…”.
Reincidente
Não é a primeira vez que Jô Soares defende Dilma Rousseff em um período curto de tempo. Meses atrás, a jornalista Lilian Witte Fibe citou a “roubalheira” para justificar um possível impedimento de Dilma e foi retrucada pelo apresentador. No mesmo dia, o apresentador criticou a paranoia que vê “bolivarianismo” até debaixo da cama.
Ana Maria Tahan, que também defende o impeachment da presidente, comparou os períodos Collor e Dilma e disse que o ‘Brasil sobrevive a tudo’. Jô discordou. “O Brasil vivia um outro momento [na época de Collor], era uma coisa inteiramente nova no Brasil acontecer isso, os caras pintadas na rua… isso sim teve uma repercussão positiva no mundo inteiro. Mas um impeachment, hoje, da nossa presidente, que acabou de ser reeleita, é golpe. Pra mim é golpe”.
Em outro episódio emblemático, o apresentador ficou indignado com um jovem que gritou “Viva Bolsonaro!”na plateia de seu programa. “Quem foi que gritou esse absurdo?”, questionou Jô.
Crise de audiência
A Rede Globo tem registrado os piores índices de audiência de sua história nos últimos meses. Tanto o setor de entretenimento como a área de jornalismo estão em crise.
A teledramaturgia, antes imbatível, vive um momento delicado. A novela Babilônia já é considerada um fracasso. O canal tem perdido, em média, 10% de seu público a cada ano. No mês de março de 2015, o Jornal Nacional, telejornal mais assistido da televisão brasileira, registrou a sua menor média de público sintonizado em todos os tempos.
Antigamente, ao ligar a TV, sintonizava-se a Globo e, quase invariavelmente, lá se permanecia. Os tempos mudaram.
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