A Fonterra, maior exportadora mundial de laticínios, está sob pressão do governo neozelandês, de pecuaristas e de autoridades financeiras devido à forma como lidou com uma contaminação alimentícia que levou ao recolhimento de produtos e assustou pais da China à Arábia Saudita.
O governo da Nova Zelândia enviou agentes às instalações da Fonterra, a maior empresa do país, após acusações de que a companhia demorou a admitir que havia vendido proteína de soro de leite contaminada com uma bactéria capaz de provocar botulismo, uma doença potencialmente fatal.
"Vamos conduzir uma revisão interna, e isso será alvo de um escrutínio externo também", disse a jornalistas Gary Romano, diretor-gerente de Produtos Lácteos da Fonterra na Nova Zelândia.
Produtores rurais pediram à Fonterra que seja transparente com os pais de bebês sobre detalhes da contaminação. "Haverá uma avaliação, mas agora não é a hora. As perguntas ‘quem, quê, como onde, quando e por que' vêm depois", disse em nota Willly Leferink, presidente da entidade Produtores de Laticínios Federados. "No momento, devemos fatos aos nossos consumidores aqui e no exterior, não especulação."
A Autoridade de Mercados Financeiros da Nova Zelândia se disse preocupada com a demora da Fonterra em revelar o caso. A empresa disse ter confirmado em 31 de julho que a causa da contaminação foi um cano sujo em uma fábrica da Nova Zelândia, mas uma nota sobre isso só foi divulgada à imprensa no sábado, três dias depois, e um anúncio aos investidores só saiu na segunda-feira.
Não há relatos de consumidores doentes por causa da contaminação, mas o caso macula a imagem da Nova Zelândia como um país "limpo e verde".
O ministro das Finanças, Bill English, disse que a economia local deve escapar de qualquer dano significativo, mas que há um risco em mais longo prazo para a reputação neozelandesa.
"O impacto econômico pela quantidade de produtos atualmente sob restrições é suficientemente pequeno para não ter um impacto discernível sobre nosso PIB", afirmou ele ao Parlamento.
Na segunda-feira, o executivo-chefe da Fonterra, Theo Spierings, disse que a empresa não teve produtos banidos da China, sofrendo apenas restrições ao concentrado de soro de leite. Ele disse esperar que as restrições sejam suspensas já neste semana, assim que a Fonterra entregar às autoridades chinesas uma explicação detalhada sobre as falhas.
China, Hong Kong, Sri Lanka e outros países, no entanto, decidiram retirar do mercado novos lotes de leite em pó infantil que possam estar contaminados, e o governo da Nova Zelândia alertou que a China pode ampliar a outros produtos lácteos as restrições atualmente impostas à proteína do soro do leite em pó.
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