Após 8 policiais terem morrido em uma operação que durou mais de 30 horas, a Macedônia está investigando as causas da ocupação, por terroristas albaneses, da cidade de Kumanovo. Especialistas notam que a ofensiva pode haver com o projeto do gasoduto Corrente Turca e ser comandada do exterior.
Na operação, que teve lugar no final da semana passada, também morreram 14 terroristas. Quanto às perdas entre os civis (os terroristas ocuparam vários apartamentos habitados, de onde começaram a disparar), as informações não são divulgadas.
Fontes do Ministério do Interior informam sobre um grupo de 40 terroristas da Albânia que chegaram à Macedônia em princípios de maio. O grupo, ligado à organização terrorista Exército de Libertação do Kosovo (KLA), teria antes disso perpetrado o ataque contra um ponto militar no povoado de Goshnice em abril.
Segundo a polícia, entre os terroristas detidos, há figuras como o ex-guarda-costas do ex-líder do KLA, Ramush Haradinaj. Haradinaj tinha sido julgado por crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Jugoslávia (TPIJ).
As autoridades da Macedônia ainda não comentam a situação. Mas já fica claro que o precedente pode ser alarmante para a Sérvia, país cujo território meridional é em parte ocupado por albaneses.
Atentado sem explicação
Há um fato que dá muito que pensar: os terroristas não apresentaram nenhuma exigência. Parecia um ataque sem causa nem explicação. O ex-chefe da inteligência da Macedônia, Vladimir Pivovarov, frisa, em entrevista à Sputnik Srbija, que é precisa uma investigação para descobrir quem financiou a operação terrorista.
Pivovarov não descartou a possibilidade de alguma influência externa para causar "cataclismos políticos" na região, traçando como exemplo a independência do Kosovo, imposta pelo Ocidente.
O Kosovo é um precedente incômodo para o próprio Ocidente. O processo independentista foi bastante violento naquela antiga região da Sérvia. No entanto, os apoiantes dessa causa geralmente condenam a "anexação" da Crimeia, onde teve lugar um referendo realizado com paz e tranquilidade.
UE quer mais albaneses
De acordo com vários especialistas contatados pela Sputnik Srbija, trata-se de preparativos para um atentado a nível internacional, planejado e levado a cabo por forças nacionalistas da Albânia. Por exemplo, o professor da faculdade de Segurança da Universidade de Belgrado (Sérvia), Zoran Dragisic, acredita que em Kumanovo a polícia da Macedônia conseguiu localizar os militantes, mas outros ataques podem acontecer em outras localidades do país.
Já o chefe da Agência da Segurança Militar da Sérvia, Petar Cvetkovic, disse recentemente, em uma entrevista à televisão local, que o objetivo dos terroristas era a criação da "Grande Albânia", ou seja um Estado composto exclusivamente por albaneses.
Atualmente, os albaneses fazem parte da população de vários países, entre eles, a Macedônia e a Sérvia.
Cvetkovic lembrou também que os militares sérvios já tinham advertido os seus colegas macedónios sobre a possibilidade de ataques terroristas. Mas aquelas informações foram consideradas exageradas.
© AP PHOTO/ VISAR KRYEZIU
Moradores de Kumanovo em 12 de maio de 2015, após tiroteio
O cientista político sérvio Dusan Prorokovic acredita que as forças nacionalistas albanesas são simplesmente uma arma operada por outras potências. Ele relaciona o ataque de Kumanovo com a discussão em torno ao projeto Turkish Stream (Corrente Turca), gasoduto polêmico para a União Europeia e os EUA (que seriam afetados economicamente se o gasoduto for lançado).
"A ausência de qualquer reação dos serviços de inteligência ocidentais relativamente aos acontecimentos de 9 de maio em Kumanovo significa que o ocorrido correspondeu aos seus interesses. É impossível imaginar 70-80 homens armados violarem a linha administrativa entre o Kosovo e a Macedônia, fazerem um ataque quase no centro da cidade e a inteligência não saber nada disso antecipadamente", ressalta Prorokovic.
Já fontes oficiais da UE culpam as autoridades atuais. O relator sobre a Macedônia no Parlamento Europeu, Ivo Vajgl, exortou o país a ser "mais inclusivo" em relação aos albaneses.
Porém, foram os albaneses que atacaram Kumanovo. Ora Kumanovo tem uma população maioritariamente albanesa. A lógica deste ataque precisa ser decifrada e os futuros atentados, prevenidos.
Fonte: Sputnik
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