Do Rio de Janeiro
Centro de tortura da Força Aérea Brasileira na ditadura, a Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, foi alvo de diligência nesta sexta-feira 30, onde estiveram membros da Comissão Nacional da Verdade, peritos e ex-vítimas que por ali passaram.
A visita de reconhecimento do local teve inicio às 9h e se estendeu até 12h. Nela, testemunhas das violações que ocorreram ali entre os anos de 1971 e 1978 apontaram onde militantes de oposição e militares contrários ao regime que vigorou de 1964 a 1985 no País eram interrogados e torturados por membros das Forças Armadas. Estiveram presentes os membros da CNV Pedro Dallari, Rosa Cardoso, José Carlos Dias e Maria Rita Kehl, além de cinco vítimas. Destas, três eram militares: Adir Figueira, Jório Gonçalves Dantas e José Bezerra da Silva.
De acordo com Dallari, coordenador da CNV, foram visitados quatro locais, os quais sofreram muitas modificações físicas. O grupo passou ainda pela chamada casa de custódia, estrutura que foi reconhecida pelos militares que por ali passaram na década de 1970.
Acompanhados do ex-soldado Dailton Fortes Soares, que integrou a Polícia da Aeronáutica, os ex-militares indicaram onde seria a prisão onde esteve Stuart Angel uma área de lazer, que desde 1982 é conhecida como Clube do Mickey. A versão de Bezerra, que serviu como cabo da Aeronáutica na base entre 1971 e 1979, foi confirmada por Soares.
A visita foi um passo inicial, segundo o perito criminal Pedro Cunha. As informações coletadas serão agora analisadas e comparadas com fotografias e plantas da época, cedidas pela própria Aeronáutica.
“A Base Aérea do Galeão é um centro muito importante. É preciso lembrar que Rubens Paiva, por exemplo, passou por aqui antes de ser morto no Dops. Além disso, Stuart Angel, antes de morrer, foi severamente torturado aqui”, lembrou Dallari.
O coordenador da CNV explicou que o local é uma das sete unidades que estão sendo objeto de sindicância pelas Forças Armadas a pedido da comissão. Os primeiros relatórios devem começar a chegar às mãos da comissão em junho. “Pedimos que fosse feito através das sindicâncias o levantamento do histórico administrativo desses centros de tortura. Como eles foram destinados a ser usados como centro de tortura?”, explicou ao lembrar que, além da unidade da Força Aérea no Galeão, existe uma da Marinha na Ilha das Flores, e outras cinco do Exército nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife. “Trata-se da primeira vez que as próprias Forças Armadas aceitaram a tarefa de elas mesmas apurarem como houve a realização de condutas que eram irregulares e ilícitas, porque a tortura nunca foi legalizada no Brasil.”
Questionado se as sindicâncias poderiam gerar algum tipo de punição aos militares acusados de envolvimento em casos de tortura, morte ou ocultação de cadáveres, Dallari alertou para grandes chances de haver responsabilização administrativa dentro das próprias Forças Armadas – o que terá de ser aguardado.
“Para a gente, a visita foi muito significativa, pois retornamos a um local no qual sofremos amarguras, insucessos, derrotas, torturas”, disse Bezerra. “Além de mim, outros colegas se sentiram aliviados desse pesadelo e também emocionados ao lembrar de um período em que a gente esteve aqui e não podia recorrer a delegado ou juiz algum.”
Bezerra contou ter passado a ser vítima de tortura por dois superiores por ter chamado de covardia as agressões sofridas por Stuart Angel, quando o militante esteve preso no Galeão, em junho de 1971. O caso do militante do MR-8, segundo Dallari, vem sendo bastante estudado pela CNV e pode ir a ser tema de um novo relatório preliminar de pesquisa --até agora,a CNV publicou seis relatórios que trazem resultados preliminares de pesquisas.
Fonte: Carta Capital
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