Na semana em curso, a Turquia procede a uma difícil busca de candidatos à presidência. De agora em diante , o Chefe de Estado terá um mandato de 5 anos e não de 7, podendo assim definir a política do país para os próximos 10 anos.
Pela primeira vez na história, em 11 de agosto, os turcos irão eleger presidente por votação direta. Antes disso, o líder do país era eleito pelo parlamento. Nesta semana deverá findar a apresentação de candidatos oficiais. O Partido islâmico da Justiça e Desenvolvimento (PJD), no poder, delegou para o efeito o atual primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan.
Os militantes do seu partido afirmam que o mais alto cargo será inevitavelmente ocupado por Erdogan. Todavia, os analistas sérios dizem que Erdogan não irá obter 51% dos votos na primeira ronda, devendo-se realizar a segunda, prevista para 24 de agosto.
Então, se prevê uma árdua luta política. Após uma série de escândalos de corrupção no PJD e no governo a situação que se configura é tal que Erdogan ora vencerá e se tornará presidente, ora perderá e será julgado no tribunal.
A oposição afirma dispor de informações sobre o envolvimento do premiê de 60 anos nos casos de corrupção, frisa o politólogo russo, Stanislav Tarasov:
“Se for eleito, Erdogan beneficiará de imunidade presidencial. Sem tal estatuto, as coisas vão correr muito mal. O escândalo de corrupção que se iniciou em dezembro do ano passado ainda não acabou. Mesmo apesar da pressão sem precedentes sobre Erdogan, apesar das “purgas” nunca vistas nos órgãos policiais, o processo de corrupção não foi arquivado.
As eleições municipais, tidas em março, demonstraram que as posições do PJD não são tão fortes como Erdogan queria ver – dos 57% de votos esperados, os candidatos pelo partido governante obtiveram apenas 47%.
O futuro sufrágio tem atraído muita atenção dos turcos e da mídia internacional. Ancara continua sendo um dos principais jogadores políticos regionais. Da sua posição dependem a regularização da crise iraquiana, a normalização da situação na Síria, as relações do Ocidente com o Irã e as suas relações com o Ocidente. Erdogan tem manifestado muita cautela na avaliação da situação nas regiões fronteiriças. Pelo visto, ele não quer que a situação se desestabilize, implicando o surgimento de novos problemas, considera Stanislav Tarasov:
“Não obstante a captura de 48 reféns turcos por rebeldes iraquianos, incluindo o cônsul em Mossul, Ancara faz declarações muito cautelosas. Erdogan procura impedir a realização da campanha anti-iraquiana na mídia turca. Suas avaliações da situação na Síria também são muito cautelosas. No passado, o líder sírio, Bashar Assad, era alvo de maldições e críticas veementes. Hoje, os turcos receiam se envolver numa aventura política no período da campanha eleitoral. Se Erdogan sair vencedor, as mudanças políticas serão inevitáveis. A Turquia irá se distanciar do Ocidente”.
O perito russo recorda ainda que nos 10 anos do governo de Erdogan, a Turquia se tornou uma potência econômica bem forte, fazendo parte da lista dos 20 Estados mais avançados. Por isso, Erdogan teria um pleno direito de reavivar na memória do Ocidente e da UE as antigas ofensas e humilhações. Lembre-se de renitências quanto ao ingresso de Ancara na UE. A “saga europeia” da Turquia é tão elucidativa que merece ser estudada pela Ucrânia para se livrar de ilusões atuais, adianta Stanislav Tarasov:
Ancara tinha assinado um acordo de associação análogo há 51 anos, em 1963. Um pedido de candidato teria sido apresentado em 1987. Desde então, a Turquia não se tornou mais próxima da União Europeia, embora as conversações sobre a readaptação das suas leis não tenham sido suspensas. Contra a adesão da Turquia se manifestam a França, a Alemanha e, em particular, a Grécia, sua antiga antagonista. Paris e Londres se opõem à entrada da Turquia que poderá inundar a Europa com a mão-de-obra barata. Bruxelas não quer permitir a entrada de um país membro com uma disputa territorial em aberto - a questão do Chipre que vem estragando o relacionamento entre Ancara e Atenas. A Ucrânia tem enfrentado problemas análogos muito mais graves.
Bruxelas sente tal “esfriamento”, procurando apoiar oponentes de Erdogan, prossegue o perito:
“O Ocidente gostaria de ver a Turquia no seu “arreio”, fazendo os possíveis para que Erdogan não possa vencer. Basta dizer que a UE suspendeu negociações sobre a integração da Turquia na União Europeia. Começaram a ser reduzidos programas de colaboração militar com os EUA”.
Se Erdogan for eleito presidente, o Ocidente terá de reestruturar as relações com a Turquia. Mas Ancara poderá levar a cabo uma política independente mesmo no caso de vitória do seu principal adversário, Ekmeleddin Ihsanoglu.
O antigo secretário-geral da Organização da Conferência Islâmica é um candidato único pelo Partido Popular Republicano e Partido de Ação Popular, ambos laicos, em oposição ao atual regime.
O doutor em Filosofia, professor catedrático de língua e literatura turcas, teólogo e diplomata, ele tem um elevado prestígio no mundo árabe e turco. Se mostra pelo reforço das relações com a Rússia e chama de amigo o presidente Vladimir Putin.
Fonte: Voz da Rússia
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