A maioria de grandes companhias petrolíferas estrangeiras está muito interessada em alargar a cooperação com o Irã, porque os problemas nas relações entre a Rússia e a Ucrânia as preocupam em relação à garantia da segurança energética.
A situação em torno da Ucrânia obrigou a União Europeia a pensar mais uma vez na diversificação de sua política energética, para se livrar da excessiva, em opinião dos europeus, dependência dos fornecimentos de gás da Rússia.
Neste contexto, o Irã tem para eles tem o maior interesse como um mercado prometedor de petróleo e de gás, tanto mais que, provavelmente, as conversações entre o Irã e seis mediadores internacionais sobre o problema nuclear iraniano terminarão nos próximos tempos e as sanções anti-iranianas serão levantadas. Tal abrirá amplas possibilidades para a cooperação de Teerã com países estrangeiros, cooperação em que o Irã está muito interessado, afirma o perito Valeri Nesterov:
“Os dirigentes iranianos ressaltam que têm intenção de alargar a presença do Irã nos mercados mundiais de hidrocarbonetos e de reduzir o nível de isolamento do país. Mas, ao mesmo tempo, o Irã não pretende concorrer com a Rússia. Mesmo se o Irã tencionar competir com a Rússia, as suas possibilidades serão bastante limitadas”.
Poderá o Irã (mesmo se tiver grande vontade) concorrer realmente com a Federação Russa no fornecimento de hidrocarbonetos no futuro próximo? Pelo visto, não.
Nos bons tempos, ainda antes da introdução das sanções, o Irã extraía diariamente cerca de 4,2 milhões de barris de petróleo, dos quais um pouco mais de metade eram exportados, mas a extração diminuiu para 2,3 milhões de barris em resultado das sanções e a exportação caiu para 700 mil barris no pior período de 2013. Para restabelecer e aumentar os volumes de extração e exportação, o Irã precisa de grandes investimentos no ramo da extração e da transformação, assim como na construção de infraestruturas de fornecimento ao estrangeiro. Serão necessários vários anos para reconstruir e modernizar o setor energético iraniano.
A questão do gás ainda é mais imprevisível. O Irã produz anualmente 160 bilhões de metros cúbicos de gás, consumindo praticamente todo o volume no mercado interno. Teerã exporta à Turquia cerca de 10 bilhões de metros cúbicos de gás só graças à importação de quase sete bilhões de metros cúbicos de gás do Turcomenistão.
Contudo, o ministro do Petróleo do Irã, Bijan Zanganeh, tem declarado que “o Irã, como país capaz de fornecer gás em maiores volumes, sempre está disposto a exportar gás natural à Europa por gasodutos ou em forma liquefeita”.
Mas, para alcançar este objetivo, o Irã se depara com grandes problemas ligados, inclusive, à necessidade de aumentar a extração de gás e de criar uma nova infraestrutura de transporte, tarefas que exigem enormes investimentos estrangeiros.
O setor do petróleo e do gás do Irã precisa urgentemente de modernização, porque durante os últimos 20 anos Teerã não teve livre acesso a tecnologias ocidentais. Segundo avaliações do governo iraniano, o setor energético do país irá necessitar nos próximos 10 anos de 300 a 450 bilhões de dólares de investimentos para renovar os equipamentos de produção.
Segundo cálculos de especialistas, grandes fornecimentos de gás iraniano à Europa, concorrentes para a Rússia, poderão ser possíveis apenas daqui a cerca de 10 anos, um prazo considerável para o mundo contemporâneo em evolução rápida.
Por enquanto o Irã, ainda antes da revogação das sanções, tem de se preparar para o restabelecimento dos contatos perdidos com países estrangeiros, em primeiro lugar com a Rússia. Moscou pode tornar-se um parceiro insubstituível em tais esferas econômicas como a extração de petróleo e de gás, a energia, inclusive nuclear, a investigação do espaço, os transportes ferroviários e, naturalmente, a cooperação militar.
Destaque-se que já foi feito muito nesse sentido. Há dias, a Rússia e o Irã acordaram assinar até o fim do ano um acordo adicional e um contrato de construção de mais dois blocos energéticos na usina nuclear de Bushehr.
Em maio, a Roscosmos e a Agência Espacial Iraniana assinaram um protocolo de cooperação, que prevê interação num amplo leque de vetores: do lançamento de satélites iranianos por foguetes-portadores russos à preparação de cosmonautas iranianos na base espacial Zvezdny, na região de Moscou.
Há também projetos prometedores em outros ramos. Por isso, nos próximos anos, o Irã não será um concorrente, mas um parceiro.
Fonte: Voz da Rússia
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