O brutal atentado planejado contra a vida do então presidente só não ocorreu porque o golpe teve sucesso
Um dos mais dramáticos episódios da política brasileira, o assassinato do ex-presidente João Goulart, por pouco deixou de acontecer. Estava marcado para o dia 21 de abril de 1964, em Belo Horizonte, em um comício de propaganda das reformas de base, o programa de transformações sociais proposto pelo governo Goulart.
A exemplo do que ocorria em outras partes do País, o clima político na cidade, nos primeiros meses do ano, era de extrema efervescência. Um ato pelas reformas, com a presença de Leonel Brizola e de outros líderes esquerdistas, não pode realizar-se devido à ação de manifestantes anti-Goulart. O congresso convocado para a criação da Confederação Única dos Trabalhadores da América Latina (Cutal) teve de transferir-se para Brasília, por causa do ambiente de violência instaurado em Belo Horizonte.
Além do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad), e do Instituto Brasileiro de Estudos Sociais (Ipes), de âmbito nacional, criados para dar suporte financeiro e político ao golpe, em Minas se organizou a entidade golpista Novos Inconfidentes, que reunia a fina flor do empresariado local, juntamente com destacadas lideranças militares, profissionais, religiosas, de donas de casa, etc. O então governador Magalhães Pinto, proprietário de um dos maiores bancos brasileiros, integrou-se ao movimento, proclamando-se mais tarde o “comandante civil da revolução”.
Foi nesse quadro altamente conturbado que um grupo de conspiradores do Exército e da Polícia Militar organizou meticulosamente o assassinato do presidente. Ele seria praticado no dia 21 de abril, no comício a favor das reformas, a realizar-se na Praça da Estação, no centro da Cidade. Ao ato estariam presentes, além de Goulart, várias personalidades ligadas ao governo.
O planejamento do atentado previa várias opções. Em entrevista ao jornalista Geraldo Elísio, publicada no jornalEstado de Minas, em 8 de janeiro de 1977, um de seus planejadores, o general reformado José Lopes Bragança, conhecido por seu exacerbado anticomunismo, lembrou os rumos que seriam seguidos: “Três linhas de ação foram adotadas. Primeira: um avião teco-teco, com capacidade de voo rasante, despejaria cargas de dinamite sobre o palanque onde estivessem João Goulart e seus assessores. Segunda: alguns de nós dispúnhamos de metralhadoras. O plano era soltar ‘bombinhas’ destas usadas em festas juninas para distrair o povo. Nessa hora, um grupo de dois ou três homens armados de metralhadora, contando com a colaboração de outro grupo que abriria um corredor, se aproximaria correndo do palanque e metralharia os seus ocupantes. Como terceira opção, caso falhassem as duas anteriores, atiradores de escol, munidos de armas dotadas de lunetas, deitados sobre caminhões ou ônibus, alvejariam Jango e os principais líderes esquerdistas”.
Conforme ainda o general, o encarregado de comandar o pelotão de atiradores era o coronel José Oswaldo Campos do Amaral, da Polícia Militar, campeão de tiro, conhecido entre seus colegas pela alcunha de Cascavel.
Em carta ao Estado de Minas, publicada em 18 de janeiro de 1977, o coronel Campos do Amaral confirmou o plano de eliminação do presidente e das pessoas que o acompanhavam, o que seria feito, conforme suas palavras, “para o bem e a salvação do Brasil”.
No relato, o coronel revelou outros detalhes, assumindo expressamente seu papel como um dos encarregados da operação e afirmando que a forma de executá-la tinha sido estabelecida depois de muitas discussões. “Foi então definitivamente escolhido o ataque frontal ao palanque”, diz em sua carta, “a ser realizado por todos os integrantes do grupo, que correriam então todos os riscos e participariam, em igualdade de condições, das responsabilidades futuras”. E acrescentou, em outro depoimento: “Ninguém escaparia vivo do palanque”.
O ato terrorista não chegou a concretizar-se, porque o golpe foi vitorioso, pondo fim ao governo, três semanas antes da data escolhida para sua execução. O episódio revela o clima de ódio e intolerância que o País vivia naqueles dias e que poderia ter transformado Belo Horizonte numa Dallas brasileira, reproduzindo aqui, com a morte de Goulart, a tragédia do assassinato do presidente John Kennedy, ocorrido naquela cidade norte-americana, alguns meses antes, em novembro de 1963. Não seria de estranhar que o episódio de Dallas tivesse inspirado a projetada operação na capital mineira.
Fonte: Carta Capital
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