A operação da OTAN no Afeganistão começou há 13 anos. Resumindo os resultados intermediários dessa campanha, peritos na Ásia Central reconhecem seu fracasso em geral. Tropas ocidentais na topografia afegã não se recomendaram como meio adequado de luta contra a tática de guerrilha do inimigo. Os talibãs não foram derrotados e continuam a ganhar força no Afeganistão.
Nestas condições na região, surgem muitas perguntas. Uma delas diz respeito aos objetivos reais do início da campanha militar das tropas da coalizão no território afegão, se as ameaças não apenas não diminuíram, mas ainda aumentaram.
Refletindo sobre alguns resultados da campanha da OTAN no Afeganistão vizinho, analistas em Dushanbe dizem que a coalizão não conseguiu alcançar resultados sensíveis em 13 anos. Pelo contrário, ela perdeu a iniciativa estratégica que passou para as forças locais, inclusive para o movimento Taliban, considera um politólogo tajique, Abdulwahid Shamolov:
“Os talibãs dão-se conta das suas vantagens: o conhecimento do terreno e da população. Por outro lado, atraem pessoas, porque a forma de guerra levada a cabo pela coalizão contribui para considerar militares ocidentais como ocupantes”.
Em opinião de peritos, nessa situação forças ocidentais não têm outra alternativa a não ser abandonar o país. Mas, pelo visto, elas não pretendem fazê-lo. Em maio, representantes da OTAN comunicaram sobre a elaboração de planos da sua próxima missão no Afeganistão. Já não se trata de ações militares. Apontam-se apenas intenções de ajudar na preparação das tropas nacionais do país. Deste modo, a coalizão abandona o Afeganistão de jure e fica na república de facto.
Tal desenvolvimento de acontecimentos foi esperado. Em declarações do deputado do parlamento tajique, Shodi Shabdolov, à Voz da Rússia, possivelmente, a guerra no Afeganistão foi para a OTAN apenas um pretexto para entrar na Ásia Central e fixar-se na região:
“Se a OTAN entrar nalguma parte, já não a abandonará. Militares da OTAN não pretendem sair do Afeganistão, criando apenas uma visibilidade de abandono do país. Seu fim é a agressão, mas agora em relação aos países da Ásia Central, à China e à Índia”.
O doutor em ciências históricas e orientalista, Alexander Knyazev, também afirma que a aliança não tenciona retirar na íntegra seu contingente do Afeganistão, dando destaque para ações dos Estados Unidos, principal participante da campanha militar:
“Quanto sei, atualmente, a presença militar americana no Afeganistão está sendo reformatada. Está previsto, em particular, retirar uma parte do contingente militar, que por enquanto se encontra no país, deslocá-la para o território de países da Ásia Central, reforçar sua presença militar no Quirguistão e estendê-la para o Tajiquistão e o Uzbequistão. A aliança já está efetuando conversações em regime secreto com a direção daqueles países. Podemos até referir as estruturas que têm interesse para os americanos. A meu ver, tais trabalhos serão continuados e a pressão exercida na direção do Tajiquistão, Uzbequistão e Quirguistão irá crescer”.
Uma parte de peritos reagiu com preocupação à abertura de uma representação regional da OTAN em Tashkent, capital do Uzbequistão, em maio último. Como está previsto, a representação ajudará os países pós-soviéticos do sul a planificar as questões da defesa. Observadores no Tajiquistão, por exemplo, estão preocupados com a eventual entrega de armamentos da OTAN a alguns países da região. Em opinião de peritos, tais planos da coalizão ocidental abrem caminho à continuação da militarização desta região já militarizada da Ásia Central.
Fonte: Voz da Rússia
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