Um grupo de homens passa pela reportagem da Folha trotando. Nos braços, escudos improvisados com placas de metais. Nas mãos, pedaços de pau.
Eles são, entre os boatos de um golpe militar no Egito, os soldados informais a postos para defender o presidente islamita Mohammed Mursi.
Milhares de simpatizantes do governo se reúnem em Nasr City, no centro do Cairo, nos arredores da mesquita Rabia al-Adawiyya.
O bairro tornou-se uma espécie de quartel-general governista. Para chegar ao centro da manifestação, a reportagem teve de cruzar um posto de verificação, identificar-se sucessivamente a civis e passar por revista. Um perímetro de arame farpado impedia outros caminhos.
A multidão em Nasr City é variada, com grupos sentados em torno do bule de chá e outros, como se estivessem em treinamento, fazendo abdominais.
A constante são os hinos pró-Mursi, assim como as faixas de apoio ao presidente.
"Eu daria meu sangue, minha alma, meus filhos para proteger o meu voto em Mursi", diz o empresário Mahmud al-Gazor, 48. "Votar foi uma chance que nós não tivemos por três décadas. Eu quero os meus direitos."
Gazor insiste na legitimidade do governo de Mursi, argumento central daqueles que defendem o mandatário.
"Esse é o primeiro presidente que elegemos, e não vamos deixar que façam nada com ele", afirma o professor de árabe Sabr al-Badri, 40.
TAHRIR
A entrada na praça Tahrir, epicentro dos protestos contra o presidente, também está sujeita a revista e identificação. Há uma fila específica para mulheres, e os organizadores, constrangidos, pedem desculpas pelo incômodo.
O clima ali é de celebração, e não de cerco.
"Estamos comemorando a nossa liberdade", diz Maha Hashem, 54, diretora da gigante do ramo têxtil Concrete. "Mursi não tem opção. Está óbvio desde domingo que ele tem de sair."
"O que ele está esperando? Até o Exército está conosco! Estamos cansados dele."
Hashem nota que o apoio militar, bem recebido pelos manifestantes, também preocupa pelos ares de golpe. "É muito bom para ser verdade."
Em outra parte da praça, sobre o chão lamacento, o cristão copta George Wagdy, 35, assiste às manifestações --mais parecidas com uma festa do que com um protesto-- ao lado de colegas muçulmanos.
O conflito entre as religiões, afirma, é inexistente neste ponto. "Todos os egípcios de mente aberta estão contra a Irmandade Muçulmana [partido de Mursi]. Não confiamos nele."
"Essa é a última chance para nós trazermos o Egito de volta a si mesmo", diz Gihad Hossem, 30. "Se os islamitas permanecerem no poder, eles vão escravizar o povo."
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