Foi publicada no Diário Oficial desta segunda-feira (22), a criação da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas, o Ceiv, anunciada pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), depois dos protestos da quarta-feira (17), quando uma manifestação na rua onde ele mora terminou em confronto com a polícia.
De acordo com a lei, que passa a valer a partir de hoje, a comissão pode solicitar a quebra do sigilo telefônico e de internet de suspeitos. As operadoras tem até 24h para atender à demanda. Segundo especialista ouvido pelo UOL, a medida é "um atentado à democracia" e "inconstitucional".
"Caberá à Ceiv tomar todas as providências necessárias à realização da investigação da prática de atos de vandalismo, podendo requisitar informações, realizar diligências e praticar quaisquer atos necessários à instrução de procedimentos criminais com a finalidade de punição de atos ilícitos praticados no âmbito de manifestação públicas", diz o artigo 2 do decreto.
Artigos da lei também garantem que as solicitações da comissão --composta por representantes do Ministério Público do Estado do Rio, da Secretaria de Segurança do Estado e das polícias Civil e Militar-- aos órgãos públicos tenham "prioridade absoluta em relação a quaisquer outras atividades da sua competência ou atribuição."
Segundo o texto, os chefes das instituições indicarão os integrantes da comissão, que será composta "por tantos membros quantos por elas considerados necessários". A presidência da comissão caberá a um dos representantes do Ministério Público, indicado pelo Procurador-Geral da Justiça.
Procurada, a assessoria de imprensa do governador ainda não se pronunciou.
Protestos
Bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha foram usadas para dispersar os manifestantes, 15 pessoas foram detidas e ao menos quatro PMs ficaram feridos. Agências bancárias, lojas e pelo menos uma banca de jornal foram depredadas.
Na ocasião, ele disse que "a comissão dará maior efetividade às investigações que é o que a sociedade deseja. Estamos respondendo à sociedade, diante da indignação e da perplexidade com atos que aconteceram".
Ontem (22), com a chegada do papa Francisco à cidade para participar da Jornada Mundial da Juventude, mais protestos tomaram o Rio. Duas pessoas foram presas, cinco, autuadas, um menor foi apreendido e ao menos seis pessoas ficaram feridas depois de um confronto entre policiais e manifestantes, nas imediações do Palácio Guanabara, segundo balanço final da Polícia Civil.
Um dos presos foi liberado após pagar mil reais de fiança, enquanto o outro - Bruno Ferreira Telles, acusado de jogar um coquetel molotov sobre policiais - segue na 9ª DP, no Catete. Entre os feridos está um fotógrafo japonês da AFP (Agência France Press), que foi golpeado na cabeça por um policial com um cassetete.
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