segunda-feira, 23 de junho de 2014

BRASIL: GOVERNO ASSUME QUE ERROU EM NOVO EPISÓDIO DE QUEBRA-QUEBRA EM SÃO PAULO


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumiu mais uma vez ter cometido erros na condução de sua estratégia de segurança pública, dessa vez motivado por novo episódio violento de protesto na capital do estado, que culminou com depredações e muito prejuízo no centro da capital econômica do país.

Na última quinta-feira, um grupo radical promoveu uma onda de violência em São Paulo. Cinco agências bancárias foram invadidas e tiveram fachadas destruídas. Três concessionárias especializadas em carros de luxo foram invadidas. Os automóveis expostos e o interior das unidades foram totalmente danificados. Em uma das lojas, que havia sido inaugurada há apenas uma semana, o prejuízo estimado girou em torno de R$3 milhões (cerca de US$1,34 milhões).

Segundo observadores, toda a ação ocorreu justamente porque a Polícia Militar (PM) não conseguiu intervir em tempo. A explicação para a lentidão está em um acordo firmado entre o comando da PM e os líderes do Movimento Passe Livre, que organizavam a manifestação. Os agentes de segurança se comprometeram a acompanhar de longe o evento. A segurança da manifestação, segundo a combinação, ficaria por conta dos integrantes do Movimento Passe Livre.

O que está por trás desse tipo de acordo é uma conveniência dos dois lados envolvidos. A PM anda preocupada com sua imagem, já muito desgastada em virtude das cenas flagradas de abusos de força durante a repressão às manifestações que há um ano sacodem São Paulo. Os manifestantes, por sua vez, afirmam que a maioria dos incidentes que terminam em quebradeiras começam motivadas pelo embate com a PM, o que geralmente inflama a população.

Bom, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O que se viu em mais esse episódio é o que a sociedade já está cansada de acompanhar: grupos radicais infiltrados que direcionam parte da insatisfação para a violência com o firme propósito de gerar mídia às suas causas.

Mas não vamos entrar aqui na questão da causa em si, já que os objetivos dos movimentos ainda são difusos e não obedecem uma agenda de compromissos - são anárquicos em sua essência.

A questão é que o episódio remete, mais uma vez, à impressão deixada por Alckmin, de que o governo de São Paulo não tem controle da tropa da PM e nem parece saber qual rumo dar à sua estratégia de segurança pública.

O governador parece mais uma vez pego de surpresa no meio disso tudo. Tanto é assim que um dia depois da confusão ele afirmou que seus comandados vão rever a estratégia de atuação durante os protestos. Em sinal de mais uma guinada ao recrudescimento da polícia, voltou a chamar os manifestantes de vândalos e disse que a polícia terá carta branca para promover revistas nos atos.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, admitiu o equívoco cometido. "É inadmissível um equívoco como o que foi feito (entre a polícia e os manifestantes)". Ele, agora se sabe, não tinha conhecimento do trato costurado entre as partes. Fato que não o exime de culpa, muito pelo contrário. Observar a tropa tomando uma decisão desse nível sem a consulta prévia aos líderes políticos reitera a fraqueza do governo nessa pasta.

Fazendo uma analogia ao futebol, já que vivemos tempos de Copa do Mundo por aqui, a dupla Alckmin-Grella lembra o comando técnico que escala o time e define sua distribuição tática ao sabor da pressão da torcida e da mídia.

O roteiro é velho conhecido, assim como seus desdobramentos. Sem convicção ou uma estratégia clara, vivendo para apaziguar o clamor público, tanto a equipe esportiva, quanto o governo em questão tende a, mais cedo ou mais tarde, bater com os burros n'água.

Fonte: Voz da Rússia

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