O Egito corre o risco de se afundar em uma guerra civil a não ser que o governo interino recém-instalado seja ampliado para incluir os islamitas, alertou a União Africana (UA) nesta quinta-feira. O bloco, que tem sede em Adis Abeba, capital da Etiópia, suspendeu o Egito neste mês depois que as Forças Armadas depuseram o presidente Mohamed Mursi em julho, após grandes protestos nas ruas pedindo sua saída do poder.
Alpha Oumar Konare, um ex-presidente do Mali indicado pela UA para liderar um painel sobre o Egito, disse que as autoridades da transição não cumpriram o que afirmaram ser seu objetivo de formar um governo que incluísse todas as partes.
"O primeiro risco (de excluir os islamitas) é tornar a instabilidade mais aguda. Essa instabilidade pode levar a um risco maior de guerra civil, o risco de aprofundar a violência numa base diária", disse Konare em entrevista coletiva na capital da Etiópia.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse na quarta-feira que o Egito pode ter evitado uma guerra civil neste mês, afirmando que esse é um fator a ser considerado num momento em que Washington decide se corta a maior parte da ajuda que fornece ao Cairo, o que poderia fazer legalmente caso considere a destituição de Mursi um golpe militar.
A destituição de Mursi, apoiado pela Irmandade Muçulmana, abriu caminho para a instalação de um gabinete interino neste mês, encarregado de restaurar o poder civil e ressuscitar a economia. O gabinete não interino não tem nenhum islamita.
Milhares de partidários de Mursi protestaram do lado de fora do gabinete do primeiro-ministro e marcharam pelo Cairo na quarta-feira para denunciar a nova administração apoiada pelos militares e mostrar que não estão dispostos a se curvarem ao que determinam os militares.
Fonte: Reuters
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