Um movimento inspirado nos protestos que antecederam a deposição do presidente egípcio Mohammed Morsi, em 3 de julho, tem convocado a população palestina a se rebelar contra seus próprios governos e contra Israel.
O grupo Tamarod Palestina, fundado em junho por jovens da Cisjordânia, chama a população a se levantar contra as autoridades dos movimentos Fatah e Hamas e contra a ocupação israelense de territórios reivindicados pelos palestinos.
Em entrevista à BBC Brasil, um dos membros do grupo, que se identificou apenas como M., afirmou que após o mês do Ramadã (que termina em 7 de agosto) o grupo pretende iniciar a coleta de assinaturas para um grande abaixo-assinado tanto contra a Autoridade Palestina, liderada pelo Fatah na Cisjordânia, como contra o Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
"Tamarod é um verbo e não um substantivo, significa 'rebelem-se'", diz M. "Temos o mesmo nome do movimento que iniciou a rebelião no Egito."
E, como o Tamarod egípcio, o grupo palestino pretende estimular a mobilização popular com abaixo-assinados.
No Egito, o Tamarod afirma ter coletado 22 milhões de assinaturas contra o governo de Morsi e afirma que isso serviu de catalisador para as grandes manifestações nas ruas que acabaram levando à queda do ex-presidente de plataforma muçulmana por um golpe militar.
'Direitos do povo palestino'
M., um engenheiro, de 26 anos, afirma que é um dos "muitos" membros do Tamarod Palestina, mas não mencionou o número exato de ativistas do grupo.
De acordo com ele, os membros do grupo têm de 18 a 30 anos e são estudantes universitários, professores e profissionais liberais.
"Nosso grupo integra membros de todos os setores do povo palestino, inclusive na Cisjordânia, em Gaza, nos territórios de 1948 (onde foi estabelecido o Estado de Israel) e na diáspora", afirmou M. "Queremos a saída tanto do Hamas como do Fatah; eles não representam os verdadeiros direitos do povo palestino."
"Nosso movimento é secular e democrático e somos contra a chamada 'solução de dois Estados' (um israelense e um palestino). Defendemos um Estado só, do mar (Mediterrâneo) ao rio (Jordão)."
Divisões profundas
No entanto, cientistas políticos ouvidos pela BBC Brasil não acreditam que o Tamarod da Palestina possa conseguir criar a grande mobilização de massas que o Tamarod do Egito conseguiu.
"A situação aqui na Palestina é completamente diferente", disse Samir Awad, professor de Ciências Políticas da Universidade de Bir Zeit, na Cisjordânia.
"Não penso que o que ocorreu no Egito possa acontecer aqui, pois temos profundas divisões internas, tanto políticas como geográficas", agrega o cientista político palestino em referência ao controle da Autoridade Palestina na Cisjordânia pelo Fatah, e o domínio da Faixa de Gaza pelo Hamas.
"Além disso, nos encontramos sob a ocupação israelense", acrescentou.
Para Awad, "as divisões entre os palestinos são muito profundas. Para produzir uma rebelião será necessário bem mais do que mobilizações pelas redes sociais".
Na opinião de Lev Grinberg, cientista politico da Universidade Ben Gurion, no sul de Israel, "atualmente o desânimo entre os palestinos é muito grande, portanto é pouco provável que tal rebelião ocorra".
"Os palestinos de fato foram a vanguarda das rebeliões populares, vale lembrar a primeira Intifada" disse Grinberg, em referência ao levante popular palestino contra a ocupação israelense, em 1987, que levou às ruas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza dezenas de milhares de manifestantes.
"Existe uma nova geração de palestinos que não se identifica nem com o Fatah e nem com o Hamas, mas não acho que haja condições para a erupção de uma rebelião popular palestina como a que estamos presenciando no Egito", concluiu Grinberg.
Fonte: BBC
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