segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

ATIVISTAS DA TURQUIA E DA ESPANHA ENDOSSAM LUTA POR PARQUE EM SP


"Sao Paulo'lılar Augusta Park'ını işgal edip ismini Özgürlük Parkı olarak değiştirdiler v @15MBcn_int #ParqueLiberado."

Por trás dos caracteres estranhos, um recado sobre um espaço familiar a milhares de paulistanos que vão e vêm pelo centro da cidade: "O povo de São Paulo ocupou o parque Augusta, que agora se chama parque da Liberdade".

Além dos turcos, autores do tuíte acima, grupos que ficaram famosos em ocupações de praças metropolitanas mundo afora vêm engrossando o coro do movimento Parque Augusta - turma majoritariamente jovem que tenta impedir a construção de edifícios no último resquício da Mata Atlântica que ainda resta no árido centro de São Paulo.

Entre seus apoiadores estão espanhóis protagonistas do primeiro acampamento da praça Puerta del Sol (conhecidos como "Indignados" ou "15M"), em 2011, em Madri, e ativistas que ocuparam o parque Gezi, em Istambul, e desencadearam uma onda de protestos que se espalhou pela Turquia em 2013.

No final do ano passado, saltando das redes sociais para o contato físico, os turcos chegaram a visitar o parque para conhecer seus pares brasileiros. Desde então, mais próximos, trocam experiências que vão desde a ocupação cultural de espaços ociosos e até formas de resistência contra possíveis atos de violência policial.

Com cerca de 600 árvores, muitas delas centenárias, o terreno de 24.752 metros quadrados na boêmia rua Augusta pertence desde 2012 às construtoras Setin e Cyrela, cujos advogados não responderam aos pedidos de entrevista da reportagem.

Ambas pretendem ocupar quase metade da área com três torres de até 15 andares - o restante seria aberto à vizinhança, mas controlado por câmeras, seguranças e portões, o que desagrada os ativistas por "não significar uma abertura real".

Reitegração de posse

Movimento prega a ocupação do terreno com atividades gratuitas como ioga, capoeira, teatro e mutirões de limpeza

À reportagem, representantes do 15M espanhol disseram ter descoberto "a luta pelo parque brasileiro nas redes sociais, como aconteceu com o parque Gezi (na Turquia)".

Hoje, estes grupos são os principais responsáveis por trazer visibilidade à causa fora do Brasil.

"Os encontros serviram para entender melhor as relações comuns às causas: usos do espaço público urbano, direito à cidade e luta contra a especulação imobiliária", diz o arquiteto Augusto Aneas, membro do movimento paulistano.

"A especulação urbana é uma questão global e as nossas tecnologias são bem próximas: nós nos organizamos em redes e tomamos nossas decisões por meio de assembleias", diz Aneas.

O embróglio sobre o terreno se arrasta há mais de 40 anos. Uma lei que garantiria a criação do parque foi sancionada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em setembro de 2013. Hoje, no entanto, a prefeitura alega não ter dinheiro para a compra da área.

Depois de uma série de ocupações clandestinas no ano passado - todas revertidas posteriormente pelas construtoras -, os defensores do verde paulistano voltaram destrancar os portões do parque para promover o que chamaram de "Verão Parque Augusta", com mais de 4 mil adesões pelo Facebook.

A programação, que incluia atividades gratuitas como aulas de ioga e capoeira, oficinas de teatro e massagem, apresentações musicais e mutirões de limpeza, conseguiu levar mais de 1.000 pessoas ao local - entre elas, a bebê Camila, de um ano, fantaseada de "fadinha" pela mãe Ione.


Nesta quarta-feira, entretanto, os ativistas foram surpreendidos por policiais que vinham cumprir um pedido de reintegração de posse do local. Após negociação pacífica, o grupo decidiu desobedecer a ordem judicial e continuar do lado de dentro.

'Internet é uma vizinhança'
"O povo de São Paulo ocupou o parque Augusta, que agora se chama parque da Liberdade", dizem turcos do parque Gezi

Um "tuitaço" com as hashtags #parqueliberado e #parqueaugustaresiste foi promovido na manhã desta quinta-feira em defesa da ocupação. Novamente, o ato reuniu movimentos estrangeiros que defendem a ocupação gratuita de áreas abertas - entre eles, contas do México, Equador e Estados Unidos.

"É pela rede que coordenamos nossas estratégias e conseguimos quebrar o discurso de grupos dominantes", disseram os espanhóis do 15M. Segundo o grupo, a internet "é uma vizinhança" que cresce todos os dias e ajuda as pessoas a ganharem conciência política.

Integrantes de outros movimentos internacionais também justificaram seu apoio.

"Somos os 99%", disse, em referência à desigualdade na distribuição da riqueza mundial, a conta espanhola @takethesquare, que tem mais de 16 mil fãs no microblog.

"Do #Augusta ao #Gezi, recuperando nossos parques", escreveu o ativista mexicano Saulo Corona a seus 3.500 seguidores.

'Cumprimento do mandado'

Incorporadoras Cyrela e Setin, proprietárias do terreno, pedem na justiça a saída dos ativistas

À reportagem, o Tribunal de Justiça de São Paulo informou que agora cabe aos proprietários pedir reforço no efetivo policial para que a reintegração seja cumprida.

Na noite desta quinta-feira, o juiz de direito Gustavo Coube de Carvalho comunicou que o movimento tem 10 dias para "regularizar sua representação" e afirmou que aguarda o "regular cumprimento do mandado".

"As pessoas vão fazer vigílias e continuar resistindo aqui dentro", disse Daniel Biral, advogado dos ativistas.


Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Estado respondeu que não comentaria o caso.

Fonte: BBC Brasil

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