Para Requião, com a PEC 241, governo Temer leva país de volta ao perigo vermelho, 'como se estivéssemos na época da guerra fria'.
São Paulo – Com cinco meses de governo Michel Temer, “a indústria brasileira está acabando, a Petrobras está acabando e o concerto, o encadeamento de produção do petróleo, com a distribuição, a produção, a fabricação de equipamento, desaparece”, diz o senador Roberto Requião (PMDB-PR), sobre o Brasil após o impeachment de Dilma Rousseff. Segundo ele, Temer e Pedro Parente, presidente da Petrobras, estão fazendo o que o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), recomenda, "o que ele prometeu para a Chevron e para a Shell". "Estão acabando com o sonho do Brasil soberano, da nação brasileira, da independência e da dignidade nacional."
Requião se refere à informação divulgada pelo site WikiLeaks em dezembro de 2009, segundo a qual as petroleiras americanas teriam recebido a promessa de Serra, então pré-candidato do PSDB à presidência da República, de que o marco de exploração do petróleo seria alterada se ele ganhasse as eleições.
“A liquidação da Petrobras compromete o desenvolvimento do Brasil. E tem um ministro (Fernando Bezerra Coelho Filho, das Minas e Energia) que idiotamente diz que a Petrobras não é uma agência de desenvolvimento”, afirmou Requião à RBA.
“Na Lava Jato, estão prendendo empreiteiros, processando e denunciando políticos, administradores e ministros. Mas, como dizia o Raimundo Correia (poeta e juiz), ‘aos pombais as pombas voltam e os sonhos e os corações não voltam mais'. Parente está comprando plataformas submarinas de petróleo fora do Brasil, as indústrias brasileiras estão quebrando, os trabalhadores, como as pombas, não terão de volta seu emprego com a destruição da empresa nacional”, diz o peemedebista.
“Enquanto isso, os denunciados negociam delação premiada, devolvem uma parte do que roubaram e pegam um ano, um ano e meio de prisão domiciliar. E depois voltam à ativa gastando o que remanesceu do que roubaram e não entregaram, porque é evidente que vão segurar alguma coisa.”
De acordo com o senador do Paraná, o significado real do anúncio, de cunho midiático, pelo governo, da redução dos preços de combustíveis no último sábado (14), é irrelevante. “O resultado final, realmente, é um centavo a menos por litro. Isso, em 10 litros, dá dez centavos. Em cem litros, um real. O tanque do carro tem cerca de 50 litros. Isso dá 50 centavos, o que não dá para comprar um chiclete. E se a Petrobras está quebrada, não poderia reduzir preço de combustível. É uma canalhice total. Estão separando a Petrobras do Brasil e se aprontando para entregá-la ao mercado internacional.”
PEC 241
Requião comentou a PEC 241, aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, prevista para ir à votação em segunda rodada na semana que vem. “Isso é uma infâmia. Não querem discutir. Estão mudando a Constituição brasileira sem discussão, abruptamente, sem participação do povo, voltando ao ‘perigo vermelho’, como se estivéssemos na época da guerra fria”, diz o senador, que afirma estar escrevendo um discurso sobre a PEC para ser proferido entre hoje e amanhã no Senado.
“(Com a PEC 241) É o Brasil, ‘Ame-o ou Deixe-o’. Como diz o pessoal no meu gabinete, é uma proposta fascista. Quem não concorda tem que ser fuzilado. Não sei (se passa no Senado). Espero que não. Não sei mais nada. Sei a posição que vou tomar .”
Fonte: Carta Maior
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