Saio a fotografar grafites em São Paulo porque o médico me recomendou passear. Chego à estação Carandiru do metrô para olhar a arte urbana nos 33 pilares de concreto que sustentam a linha férrea, na Avenida Cruzeiro do Sul.
Percorro a pé a 23 de Maio inteirinha, nos dois sentidos: mágica. Em uma ruazinha da Vila Madalena, perto do Beco do Batman, fujo correndo de um vagabundo que me persegue, de olho em minha Nikon. Toda ginástica!
Percebo, porém, que a velha Sampa, uma cidade adorável, mas bastante feia, pelo menos um grande encanto tem: sem dúvida é a capital mundial da street art, com obras de prestígio.
Além de nomes consagrados, como Kobra e OsGemeos, em cada esquina dessa imensa metrópole se escondem pequenas obras-primas de artistas desconhecidos, que nem mesmo assinam seus murais, intercaladas por escritas anônimas geniais, filosóficas, malucas, utópicas, políticas, contra Temer e o impeachment, sonhadoras, que nos levam a refletir.
De grafites que valem a pena já fotografei uns 460, mas ainda faltam cerca de 15 mil... Será uma jornada rumo à boa saúde (se não me matam antes para roubar a câmera fotográfica). Mas um viva aos Banksy brasileiros: nas paredes sempre há guerra, spray e esperança.
A melodia do olhar
Oliviero Pluviano, o flâneur urbano que clicou essas imagens, nasceu em 1952 em Gênova, na Itália. Diplomou-se em Filosofia, mas acabou ganhando a vida como pianista da cantora Ornella Vanoni e em cruzeiros no Mediterrâneo e no Atlântico.
Na Radiotelevisione Italiana (RAI), aproximou-se do jornalismo e da fotografia. Mudou-se para o Brasil em 1990 para ser o diretor da agência de notícias Ansa. Há 12 anos ancorou seu barco tipicamente amazônico, Gaia, em Alter do Chão, Pará. É um incurável viajante.
Confira as fotografias:
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