sexta-feira, 20 de março de 2015

É POSSÍVEL ‘QUEBRAR’ A INTERNET?


Quando um vídeo ou uma imagem se tornam um virais em minutos – como o bumbum de Kim Kardashian e o vestido "que muda de cor" –, costumamos dizer, em tom de brincadeira, que "a internet vai quebrar". Mas será que isso é possível? E se for, alguém sabe o que vai acontecer depois?

Parte da resposta pode ser encontrada no bairro de Docklands, em Londres: ali, entre muitos outros prédios, está um edifício enorme, de fachada cinza, cercado por uma grade e com câmeras de segurança instaladas em vários pontos de suas paredes sem janelas. Quem passa em frente não tem a menor ideia de que do lado de dentro funciona uma movimentada intersecção da rede mundial de computadores.

Batizado de London Internet Exchange, ou Linx, trata-se de um dos maiores pontos de intercâmbio de tráfego da internet no mundo. Segundo Matthew Prince, CEO da rede de distribuição de conteúdo CloudFare, existem "cerca de 30" instalações semelhantes ao Linx espalhadas pelo planeta.

É nesses lugares que as redes de provedores de acesso se encontram para trocarem dados. Se alguma dessas estações for atingida por um corte de energia ou por um desastre natural, por exemplo, saberíamos quase que instantaneamente.

"A internet seria interrompida na região atingida", diz Prince. "E se fosse possível 'apagar' todas essas 30 instalações, é provável que a rede inteira parasse de funcionar."

Mas chegar a uma cena dramática como essa não é fácil nem muito viável. "Em primeiro lugar, porque esses lugares são extremamente bem protegidos", explica Jack Waters, diretor de tecnologia da Level 3, um dos poucos provedores Tier 1 do mundo – que possuem redes grandes e resistentes e que ajudam a formar a espinha dorsal da internet.

"Temos vigilância constante em todos os cantos e tomamos todos os cuidados necessários para evitar bloqueios. São instalações bastante seguras", afirma Waters.


Resistência espalhada


Em um prédio de Londres funciona uma das maiores intersecções da internet no mundo

É possível que cortar as ligações entre esse tipo de instalação seja uma maneira mais fácil de derrubar a internet? Afinal, há inúmeros quilômetros de cabos esparramados pelo planeta, muitos deles desprotegidos – apesar de frequentemente estarem no fundo do mar.

De fato, os cabos podem estragar por acidente. Mas os efeitos dessas falhas da infraestrutura física na internet não têm um grande alcance porque o sistema foi projetado para ser resistente.

Isso se deve a pessoas como o engenheiro polonês-americano Paul Baran e o galês Donald Davies, que nos anos 60 acreditavam ser possível projetar uma rede de comunicações capaz de sobreviver a eventos externos, inclusive a um ataque nuclear.

A ideia dos dois foi quebrar mensagens em blocos ou pacotes menores, que são disparados na rede pela rota mais rápida disponível até chegarem a seu destino, onde são unificados novamente.

Se uma das conexões nessa rede for removida, por mais importante que ela seja, as mensagens ainda podem ser transmitidas porque os pacotes podem usar rotas alternativas.

Por isso, cortar cabos ou desligar centros de dados provocam um prejuízo limitado à internet como um todo.

Novos tipos de ataques


O rompimento de cabos que transmitem dados não seria suficiente para tirar a internet inteira do ar

O problema é que, em um certo momento, algumas pessoas perceberam que a impressionante capacidade da internet de desviar o tráfego poderia ser usada contra ela.

Uma das maneiras é um ataque distribuído de negação de serviço (DDoS), no qual um gigantesco fluxo de tráfego é enviado deliberadamente para servidores incapazes de lidar com a sobrecarga.

Ataques desse tipo estão se tornando cada vez mais comuns e representam uma das ameaças que serviços como o CloudFire se destinam a combater. A altíssima capacidade da rede desses serviços pode absorver esse tráfego "ruim" e redirecioná-lo com o objetivo de manter os sites públicos atacados no ar. Mas enfrentar o problema também está cada vez mais desafiador.

"Está tão fácil realizar esses ataques que até pequenas empresas fazem uso deles para afastar a concorrência, como vi recentemente com dois spas, um lançando ataques DDoS contra o outro", conta Prince.

Outra grande preocupação é o sequestro do Protocolo de Roteamento Dinâmico (BGP, na sigla em inglês). Trata-se de um sistema fundamental que encaminha cada um daqueles bilhões de pacotes de dados para seu destino.

Por muito tempo, acreditava-se que esses roteadores, posicionados em vários pontos da rede, sempre mandavam os pacotes para o lugar certo. Mas recentemente foi descoberto que o tráfego pode ser redirecionado se a informação de destino nesses roteadores for manipulada por hackers.

Esse sequestro pode fazer com que grandes quantidades de dados sejam roubadas ou espionadas por terceiros.

Outra consequência potencial é enviar grandes blocos de tráfego para áreas da rede que se sobrecarregam mais facilmente. O tráfego desviado também pode causar dores de cabeça inesperadas para as pessoas que tentam manter servidores e sistemas funcionando.

Sabotagem com ruídos


Alguns especialistas acreditam ser possível um ataque que torne a internet incrivelmente lenta

No entanto, apesar de a maioria desses problemas já ter causado interrupções e do potencial que eles têm de derrubar a internet, a rede nunca ficou completamente fora do ar.

"Isso não quer dizer que não deveríamos pensar no assunto", alerta Vincent Chan, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). "Um ataque em massa para quebrar a internet inteira é bem possível."

Em seu laboratório, Chan está testando inserir altos níveis de ruído dentro de um sinal de dados. Isso pode ser feito instalando uma caixa de sabotagem em pequenas estações de conexão pouco vigiadas, localizadas em regiões remotas do mundo.

"A pior coisa que pode ser feita é colocar ruído suficiente dentro do sinal não para derrubar totalmente o sistema, mas para torná-lo extremamente lento, talvez funcionando a 1% de sua capacidade. As pessoas que administram a rede não saberiam que eram alvo de um ataque – pensariam apenas que era um dia excepcionalmente movimentado", explica Chan.

O cientista acredita que algumas pessoas podem estar tentadas a atacar a internet dessa maneira. Mas as consequências disso nunca foram discutidas apropriadamente.

O tamanho do estrago

Bancos, lojas, governos, indivíduos e aparelhos eletrônicos – uma grande parcela do mundo moderno depende da internet para funcionar. Uma interrupção localizada e temporária é apenas um incômodo. Mas se a internet inteira caísse, teríamos muitos problemas.

O maior deles, no entanto, é que ainda não sabemos o tamanho do estrago.

Danny Hillis, um pioneiro da tecnologia de internet, falou do assunto em uma palestra na conferência TED em 2013. "Ninguém realmente entende exatamente para que atividades a internet está sendo usada neste momento. Não sabemos quais seriam as consequências de um ataque total", afirmou.

O que parece frustrante é o fato de – como nunca houve um ataque desse tipo antes – ninguém realmente se preocupar com o alerta de Hillis. "É difícil para as pessoas prestarem atenção no plano B quando o plano A está funcionando tão bem", disse ele.

Fonte: BBC Brasil

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