Esta semana assinalou a passagem dos 43 anos da morte de Carlos Lamarca, em 17 de setembro de 1979. Um dos grandes combatentes contra a ditatura militar que, lamentavelmente, até hoje não recebeu anistia do governo brasileiro.
Lamarca era Capitão do Exército Brasileiro e deserdou em 1969 para comandar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Foi um dos grandes guerreiros deste país que merece não apenas nossas homenagens, mas a devida reparação da Justiça.
Dentre seus feitos, está o comando da ação que libertou 70 presos políticos dos porões da ditadura, por meio do sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, no Rio. Exilados no Chile, eles alertaram o mundo sobre as torturas e violações de direitos humanos sofridas em nosso país.
Duramente perseguido, considerado inimigo número 1 pelas Forças Armadas, Lamarca foi fuzilado pelos integrantes da “Operação Pajuçara”, em Ipupiara, no interior da Bahia. Esta Operação, iniciada em agosto de 1971, entrou para a história como uma das mais violentas, sobretudo em Buritis, que se tornou à época um verdadeiro campo de concentração, com torturas e assassinatos em praça pública, diante da população.
Repito: até hoje, Lamarca não foi anistiado. Em 2011, sua família denunciou à Anistia Internacional as perseguições que sofria pelos clubes militares e por parlamentares a eles alinhados. É neste contexto e contra esta injustiça que faço questão de reproduzir na íntegra a carta de Cesar Lamarca. Confiram abaixo:
Será que nos lembramos da data de 17 de setembro de 1971?
Eu sempre me lembro porque sou filho dele, porque sempre o amei e respeitei como cidadão, homem brasileiro e pai, mas nunca o tive para mim para sempre, somente em minha lembranças!
Será que alguém se lembrou hoje deste personagem da História do Brasil?
Eu sempre o lembro como um amigo que nunca tive em minhas próprias mãos, como alguém que dividi sem pedir parte dele, somente o vi desaparecer sem me explicar todo o porquê.
Será que algum dia de nossas vidas veremos a verdadeira justiça fazer justiça?
Essa é uma dúvida dilacerante, pois como o poeta Cazuza escreveu: “…o tempo passa…”. Um tempo que a justiça não devolve a ninguém. Considero como a “nova execução de Carlos Lamarca”.
Será que devemos acreditar na estrutura de um País falido moralmente?
Ele lutou por um País melhor, um País para a felicidade de seu povo, mas esse País é o mesmo, com as mesmas favelas, violência crescente, impunidade generalizada, pobre de educação. Vivemos um País de oportunistas!
Será que valeu a pena ele ter se sacrificado, inclusive ter oferecido a sua própria vida?
Bom, isso eu deixo para que cada um análise. Ninguém gostaria de ver seu próprio pai em um fotografia destas, mas esse é o meu pai, foi assim que o entregaram para ser enterrado, essa é a justiça feita com ele, essa é a “justiça brasileira”, esse é o final daqueles que verdadeiramente tiveram um ideal.
Será que vale a pena escrever?
Amanhã será 18 de setembro de 2014, ano que vem, em 17 de setembro de 2015 estarei escrevendo novamente, sendo ignorado, com as mesmas fotografias, com o mesmo caráter que sempre me moveu, sem estender a mão com um pires e esmolar, mas de cabeça erguida, pois ele me ensinou a manter a cabeça erguida, não espero mais nada.
Cesar Lamarca
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Viva Lamarca!
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